Rodrigo Zani
Carlos Bolsonaro em Santa Catarina? Olha… eu, no lugar deles, evitaria
A movimentação de Carlos Bolsonaro para Santa Catarina não chega como novidade política — chega como um susto. Um estranhamento. Uma imposição. E, sinceramente, uma falta de respeito com a inteligência do eleitor catarinense.
Antes de tudo, é bom lembrar de onde Carlos vem. Há décadas ele é vereador no Rio de Janeiro. Décadas. E, nesse período todo, qual foi sua grande marca legislativa? Em que momento fez diferença para a vida das pessoas do Rio? Difícil apontar. Ele segue exatamente a cartilha do pai: muito barulho, muita guerra cultural e quase nada de resultado concreto.
O Rio de Janeiro, tomado por crises e pelo avanço organizado do crime, jamais viu em Carlos uma figura de enfrentamento real. Ele não é o responsável direto pelo caos — óbvio — mas tampouco é alguém que ajudou a evitar, remediar ou transformar. Está ali há anos, no meio da bagunça, sem conseguir entregar uma saída. E isso diz bastante.
Não é exagero, é constatação. Quem se aproximou demais do bolsonarismo está, hoje, com um pé dentro do sistema penal ou pelo menos gastando muito com advogados: generais, aliados, militantes radicais… a lista cresce como se tivesse vida própria.
O 8 de janeiro escancarou esse buraco. E quem mergulhou fundo no “mito” acabou enfrentando consequências. Nada ali parece dar certo quando o envolvimento é íntimo demais.
Há também o caso do irmão, Eduardo. O autoproclamado herdeiro político, que fugiu para os Estados Unidos para se aproximar da extrema direita americana e atacar o Brasil à distância, virou motivo de piada — inclusive entre a própria direita.
Chamado nos bastidores de “camisa 10 do Lula”, consegue errar tanto, mas tanto, que termina ajudando quem deveria combater. Suas declarações beiram o delírio, suas ameaças não assustam ninguém, e sua capacidade de analisar o cenário político é, no mínimo, duvidosa.
Se Carlos tivesse confiança no próprio trabalho… disputaria no Rio
E essa é a verdade incômoda: se Carlos Bolsonaro fosse realmente competitivo, se tivesse moral, resultado e respeito político, concorreria no Rio. Lá, onde as pessoas conhecem seu histórico. Lá, onde seu serviço público é avaliado com clareza.
Mas ele sabe que não se elegeria senador no próprio estado. Por isso corre para Santa Catarina — exatamente como Eduardo correu para os EUA. São fugas diferentes, mas movidas pelo mesmo medo de enfrentar o escrutínio real.
A entrada de Carlos em Santa Catarina já pareceu, desde o primeiro momento, desajeitada. Uma candidatura empurrada de cima para baixo, quase uma intervenção paterna. Jair Bolsonaro não está preocupado com o que Santa Catarina precisa. Está preocupado com seu projeto familiar, com proteger o filho de desgastes e manter uma voz radical no Senado para continuar seus embates com o STF.
Resultado? A direita catarinense está dividida. Atônita. Irritada. Porque a candidatura não nasceu no estado, não foi construída ali e não dialoga com as lideranças locais. É uma importação ideológica, não uma proposta política.
E vale lembrar: já há um Bolsonaro vereador em Santa Catarina — o mais novo da família. E sua atuação segue a mesma fórmula vazia: discurso radical, guerra cultural, personalismo e pouquíssimos resultados legislativos.
Minha opinião, de forma direta: Santa Catarina não precisa disso
Eu, que nunca cheguei perto do bolsonarismo e nunca vou chegar, até entendo a angústia da direita catarinense. Estão sendo obrigados a abraçar um projeto que não é deles, que não nasce do estado e que não tem nada a ver com os interesses de Santa Catarina — nem do Brasil.
É um projeto familiar. Um projeto para salvar os próprios Bolsonaro. Não um projeto para representar ninguém.
Se pudesse dar um recado sincero aos catarinenses, diria exatamente isto:
Melhor evitar. De verdade. Um Bolsonaro no estado já é mais do que suficiente. Dois, ninguém aguenta.