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Estado de Goiás,14/12/2025

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    Gleisi suaviza discurso sobre juros mesmo com Selic mantida em 15% pelo BC


    Gleisi suaviza discurso sobre juros mesmo com Selic mantida em 15% pelo BC Reprodução

    Apesar da manutenção da taxa básica de juros em 15% ao ano — um dos níveis mais altos em quase duas décadas — a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, tem adotado um tom mais moderado ao tratar da política monetária e da atuação do Banco Central (BC). A mudança de postura contrasta com as críticas duras feitas no passado, especialmente durante a gestão do ex-presidente do BC Roberto Campos Neto.

    Na quarta reunião consecutiva, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a Selic em 15%. Segundo o colegiado, o patamar ainda é necessário para garantir a convergência da inflação à meta e enfrentar um cenário internacional marcado por incertezas.

    A decisão ocorre em um contexto de inflação moderada e atividade econômica em ritmo lento, o que alimenta expectativas sobre quando o ciclo de juros elevados pode começar a ser revertido, possivelmente no primeiro trimestre do próximo ano.

    Críticas no passado, cautela no presente

    Tradicionalmente crítica à política monetária mais restritiva, Gleisi vinha atacando com frequência os juros elevados. Em meses anteriores, classificou a Selic como “estratosférica” e afirmou que o nível de 15% penalizava a economia e o setor produtivo.

    As críticas mais contundentes ocorreram durante a gestão de Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em dezembro do ano passado, na última reunião do Copom sob sua presidência, a Selic estava em 12,25% ao ano, com mais duas altas já contratadas.

    Na época, Gleisi afirmou que Campos Neto foi responsável por uma “criminosa sabotagem à economia do país nos dois primeiros anos do governo Lula”. Ela também declarou que o então presidente do BC não cuidou da especulação cambial e sufocou o crédito no país. “Já vai tarde Campos Neto. Espero que seu terrorismo fiscal também seja suplantado daqui pra frente”, escreveu em uma publicação nas redes sociais.

    Silêncio após decisões recentes

    Com a mudança na presidência do BC, agora sob comando de Gabriel Galípolo, o tom da ministra se alterou. Mesmo após a decisão unânime do Copom de manter os juros em 15%, Gleisi não havia se manifestado até a publicação desta matéria.

    Na primeira reunião do comitê sob a direção de Galípolo, em janeiro de 2025, houve uma alta de 1 ponto percentual, elevando a Selic para 13,25%. Na ocasião, Gleisi avaliou que o aumento já havia sido contratado pela gestão anterior e que restavam poucas alternativas à nova presidência.

    Nas reuniões seguintes, em março, maio e junho, quando a Selic subiu para 14,25%, 14,75% e, posteriormente, 15% ao ano, a ministra permaneceu em silêncio. Ela só voltou a se posicionar em novembro, após a terceira manutenção consecutiva da taxa.

    “A decisão do Copom de manter pela terceira vez a taxa Selic em 15% é prejudicial aos investimentos produtivos, ao acesso ao crédito, à geração de empregos e ao equilíbrio das contas públicas. É prejudicial ao Brasil. Nenhuma economia do mundo pode conviver com juros reais de 10%. Nada justifica uma decisão tão descasada da realidade, dos indicadores econômicos, das necessidades do país”, disse.

    Entenda o que é o Copom

    O Comitê de Política Monetária é o órgão do Banco Central responsável por definir a taxa básica de juros da economia, a Selic.

    A taxa é usada como principal instrumento de controle da inflação: quando os preços sobem demais, os juros aumentam; quando a inflação está controlada, há espaço para reduções.

    O Copom é formado pelo presidente do Banco Central e pelos diretores da instituição, especializados em áreas como política econômica e regulação.

    As reuniões ocorrem a cada 45 dias, quando são analisados indicadores como inflação, câmbio, atividade econômica e cenário internacional.

    Indicações de Lula e expectativa do mercado

    A próxima composição da diretoria do Banco Central deve ser inteiramente indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Isso porque os diretores Renato Dias de Brito Gomes e Diogo Abry Guillen, indicados pelo ex-presidente Bolsonaro, deixam os cargos no dia 31 de dezembro, com o fim de seus mandatos de dois anos.

    Com isso, toda a diretoria do BC passará a ser indicada por Lula. Atualmente, integram o Banco Central:



    • Gabriel Galípolo – presidente;




    • Ailton Aquino – diretor de Fiscalização;




    • Gilneu Vivan – diretor de Regulação;




    • Izabela Moreira Correa – diretora de Cidadania e Supervisão de Conduta;




    • Nilton David – diretor de Política Monetária;




    • Paulo Picchetti – diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos;




    • Rodrigo Alves Teixeira – diretor de Administração.



    A expectativa do mercado financeiro é que o Banco Central comece a cortar juros no início de 2026, quando o comitê já estará completo. O ano deve começar com dois diretores a menos no Copom, já que as novas indicações ainda precisam passar por sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.




















    Esse processo não deve ocorrer nas primeiras semanas do ano, uma vez que o advogado-geral da União, Jorge Messias, indicado para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), ainda aguarda definição de calendário para sua própria sabatina.




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