Angelo Cavalcante
O faro do Leão
Reels, ruídos e a ofensiva digital que desafia o ensino sério

Nessa virada comunicacional e que o mundo atravessa, Wilker Leão é quase tudo... É blogueiro, youtuber, tiktoker, influencer, agitador midiático, instagramer, facer e vai...
Nesse embornal, o sujeito só não consegue fazer, produzir e realizar comunicação séria, sincera e socialmente comprometida.
Aliás, ao revés e bem ao contrário, o Leão ruge irado e bravio contra tudo o que é público, comum e social e mia fino, ronrona "pianinho" doce e delicado para a imensa onda de extrema direita que impera em Goiás e no Brasil e, conforme se verifica, sem prazo para o regresso às tumbas e criptas de onde eclodiram desde as ruínas e escombros da II Guerra Mundial.
Wilker Leão, nesse paralelo, expressa, incorpora e vive esse tempo!
Na imensa crise de ideias por onde garantir fluência, relevância e visibilidade para sua militância anti-moderna, deu de estudar História na Universidade de Brasília (UnB), aliás, dos melhores, mais completos e profundos cursos de História do Brasil.
Ali, Leão, em total e assumido desprezo ao processo de ensino-aprendizagem em si, ignorando a gama vasta de possibilidades e que só uma instituição gigante e de grandeza internacional como a UnB pode dispor, se pôs a sabotar as aulas dos seus professores sacando da sua arma predileta, um telefone celular, e sem solicitar, pedir ou anunciar, começou a gravar aulas, colher depoimentos, posições analíticas de docentes, perspectivas autorais para, em seguida, produzir "cortes" ou os tais "reels" visando alimentar seu "deus internético" e óbvio, disponibilizando tais conteúdos para seus seguidores, aliás, milhares e milhares.
Bom...
...Deixa, mesmo que brevemente, tratar desses "reels"... Isso, um curto, miúdo e miserável audiovisual é a não-comunicação; é uma síntese ou possibilidade de síntese de fato ou acontecimento e que é realizado e afirmado justamente como parcela, caco ou fragmento.
Nesse sentido, a ideia passa a ser admitida a partir de um naco, de uma miúda parcela textual ou audiovisual e que soberanamente se sugere decifradora, descriptografante do labiríntico tempo contemporâneo.
Isso é algo impossível! O "reels" é uma estupidez cognitiva, um embuste intelectual e uma degradação analítica.
Na lógica dos "reels" não pode haver o complexo, o sistêmico, o amplo. É um esforço vil, deletério e massificante de reduzir a história a simulacros pulsantes e hipnóticos e integralmente desconectados do mundo objetivo, concreto e real; o mundo pois, dos homens e mulheres e feitos de carne, ossos, frustrações e sonhos.
Dito isso, a estratégia de Leão é a estratégia dos "reels", dos "shorts", dos vídeos curtos, breves e ligeiros.
E pega... É que está na moda não pensar!
Como tinha que ser e depois de açoitar, insultar e tumultuar o próprio cotidiano da História "uenebezista", esse sujeito fora acionado pelos órgãos de controle interno da instituição e depois de muita reincidência, a UnB acertadamente decide por expulsar Leão de sua comunidade discente.
Bom...
...Como o diabo não dá voltas, não espera fila ou toma senha, ao contrário, cria atalhos, pula cercas e limites e rouba o lugar da velhinha, Leão veio fazer das suas no mesmo curso de História só que na Universidade Estadual de Goiás (UEG), em sua Unidade de Formosa.
Pois sim...
Conheço Formosa! Indo para a Bahia, passamos por lá... É típica cidade interiorana, de gente boa, risonha, simples e trabalhadora.
O curso de História nessa Unidade é muito bom; tem bons e dedicados professores; são profissionais sérios, cumpridores de suas obrigações, discretos, muito bem formados e que agora, quis o destino, estão às voltas com o puro extrato do tempo, desse tempo odioso, neofascista e disposto, reparem bem, a incendiar a própria Unidade.
Que posso dizer? Eu que nem sou de conselhos...
Mas, desde já, alerto meus colegas... Vocês são a base, o chão firme e o porto seguro desse curso e dessa Unidade! O trabalho que vocês realizam é absolutamente fundamental para a UEG, mas para toda essa cidade e seu futuro.
Não deixem que ninguém macule anos de trabalho sério e dedicado; a história que ensinam é crítica, dolorosa, sofrida porque a história humana é, no seu geral, dor, depressão, sofrimento e lástima.
É claro que há esperança, resistência e muita vida mas, já sabemos, a história é feita de sangue.
Pois sim... Para esses olhares argutos, científicos e críticos e conferidos por cada um de vocês, esse sujeito neofascista e que agora estará nesse cotidiano acadêmico tratara de tais fazeres pedagógicos como "doutrinação".
Por sinal, depois de "narrativa", "doutrinação" é o vício linguístico mais utilizado pela extrema direita.
Ao fim...
...Não se esqueçam, vocês são autoridades, vocês são os PROFESSORES e ninguém é mais importante para o futuro do Brasil do que vocês, do que cada um de nós e espalhados por cada quebrada desse país.
À luta! Sigam bem...
...Na dúvida, consultem os comunistas. Comunistas, por lembrança, são impecáveis e excelentes no trato com fascistas e na UEG, que bom, temos alguns deles... E são maravilhosos!
Angelo Cavalcante - Economista, professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Itumbiara.