Marcus Vinícius de Faria Felipe
Wilder joga eleição para o 2º turno, enfraquece Daniel e fortalece oposição
Wilder e Bolsonaro - redes sociaisA decisão do senador Wilder Morais (PL) em ser candidato ao governo de Goiás tem duas consequências imediatas: a primeira é que a eleição de 2026 será definida somente no segundo turno, e a outra, é que a direita em Goiás vai marchar dividida, o que é uma ótima notícia para o presidente Lula e os candidatos progressistas em Goiás.
A candidatura de Wilder era inevitável. Ele foi eleito para o Senado em 2022, e portanto seu mandato vence em 2030, deste modo, ficar sem disputar em 2026 significaria ficar 8 anos sem disputar mandato, o que resultaria no seu isolamento total do eleitor, inviabilizando qualquer projeto de reeleição em 2030.
No seu anúncio Wilder Morais deixou claro sua fidelidade ao projeto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que embora esteja inelegível, e caminhe para prisão na Papuda, em Brasília, ainda é a principal referência da extrema-direita. Wilder, por assim dizer, fica sendo o “dono da franquia Bolsonaro” em Goiás, e assim se qualifica para estar no segundo turno contra o vice-governador Daniel Vilela (MDB), ou, no mínimo, ser o fiel da balança definindo a eleição para o lado que pender.
Foi uma jogada inteligente. O PL estava sendo desmilinguido pelo Palácio das Esmeraldas. Lançando-se candidato, Wilder estanca a sangria e vocaliza para si os votos bolsonaristas.
Para o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) a notícia é péssima. O melhor cenário seria ter o PL na chapa de Daniel Vilela e Gracinha Caiado (União), e de quebra, os votos bolsonaristas ao seu projeto de candidatura à presidência.
Não vai rolar.
O próprio clã Bolsonaro já tem dado sinais de que não irá apoiar ninguém fora da família. Nesta semana o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) apresentou o nome, e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL-DF) também se colocou na condição de pré-candidata à presidência, deixou chupando os dedos Caiado e os governadores de oposição que também postulam o apoio do capitão.
Quem ganha
A definição de Wilder Morais foi uma boa notícia para o senador Vanderlan Cardoso (PSD), que estava ficando de fora dos planos de Daniel Vilela. Seu passe e o do PSD foram valorizados na bolsa de apostas;
Marconi Perillo (PSDB) também ficou fortalecido. Sem a candidatura de Wilder, ele provavelmente nem seria candidato ao governo do Estado, pois uma aliança entre Daniel e Wilder levaria a eleição para ser definida no primeiro turno;
Os progressistas também ganham força. Com a divisão na direita, aumentam as chances do presidente Lula vencer as eleições no primeiro turno, e também a possibilidade de que uma aliança entre PT, PSB, PC do B, PSOL, PV e Rede amplie as bancadas na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal. O novo cenário também favorece a pré-candidatura de José Eliton (PSB), fortalece o PT, presidido pela deputada federal Adriana Accorsi. O ex-governador Zé Eliton se configura como opção progressista num cenário dominado por candidaturas de extrema direita (Wilder), direita (Daniel) e centro-direita (Marconi).
Quem perde
Caiado, que fica mais distante de uma aliança com Bolsonaro;
Daniel, que vê escapar as chances de faturar a eleição no primeiro turno.
Resumindo:
Wilder fatura até perdendo.
Caiado ganhou uma dor de cabeça.
Daniel vai ter que fazer política.
Marconi tem que se reposicionar.
A candidatura Zé Eliton ganha fôlego.