Nilson S. Aliprandi
Saúde mental na terceira idade: o cuidado que não pode esperar

Falar de saúde mental em idosos ainda é um desafio. Muitas vezes, quando pensamos no envelhecimento, nos preocupamos apenas com o corpo: exames de rotina, alimentação e etc. Mas a mente também envelhece, e precisa de atenção tanto quanto o físico.
A solidão, por exemplo, é um fator de risco silencioso. Amigos e familiares se distanciam por vários motivos, as relações mudam, as pessoas se afastam. Não raro, o idoso se vê em casa, isolado, sem interlocução. Esse vazio abre portas para depressão, ansiedade e até pensamentos suicidas, que infelizmente são mais comuns nessa faixa etária do que muitos imaginam.
Além disso, mudanças na memória e no raciocínio podem gerar medo, vergonha e negação, retardando o diagnóstico de transtornos cognitivos, processos demenciais, como o Alzheimer. Alguns sintomas de depressão também se confundem com “coisas da idade”, o que atrasa o cuidado. Por isso, é fundamental conversar abertamente sobre emoções, incentivar o idoso a relatar o que sente e levá-lo ao acompanhamento médico e psicológico sempre que necessário.
Outro ponto é a aposentadoria, que costuma significar ruptura de vínculos sociais e perda de identidade profissional. Muitos idosos sentem-se “inúteis” ou sem propósito, o que prejudica a autoestima e aumenta o risco de adoecimento mental. Esse processo pode ser vivido também como um luto não reconhecido — pela perda do papel social e do convívio cotidiano — que precisa ser validado e acolhido. É importante, então, fortalecer laços familiares, comunitários, e valorizar o saber acumulado dessas pessoas, para que elas continuem se sentindo parte viva da sociedade.
A boa notícia é que nunca é tarde para cuidar da saúde mental. Atividades em grupo, redes de apoio, exercícios físicos e projetos de voluntariado podem fazer enorme diferença. Se houver sinais de tristeza persistente, apatia, insônia, alteração de apetite ou comportamento, vale procurar profissionais da saúde mental, seja no SUS (por meio dos CAPS e UBSs) ou na rede privada.
Envelhecer com dignidade significa também preservar a saúde emocional. Ouvir, acolher, respeitar e dar oportunidades de participação social são caminhos para que nossos idosos tenham não apenas mais anos de vida, mas mais vida nos seus anos.
Por Nilson S. Aliprandi, psicólogo clínico humanista (CRP 11/04916)
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