Nilson S. Aliprandi
Neurodiversidade e inclusão: autismo, TDAH e outros olhares

Falar de neurodiversidade é reconhecer que há muitas formas diferentes de ser, perceber e se relacionar com o mundo. O conceito rompe a ideia de “normalidade” única e valoriza modos diversos de neurodesenvolvimento — como no autismo, no TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), na dislexia ou na discalculia. Em vez de tratar essas condições apenas como “doenças a corrigir”, a neurodiversidade nos convida a enxergar habilidades, potências e particularidades que podem enriquecer a sociedade.
Mas na prática, ainda há um longo caminho para garantir inclusão de verdade. Crianças neurodivergentes enfrentam escolas despreparadas, falta de profissionais qualificados e ambientes que não respeitam seu ritmo. Muitas vezes, essas crianças são rotuladas como “malcriadas”, “preguiçosas” ou “difíceis”, quando na verdade precisam de estratégias específicas de apoio. O preconceito e a desinformação geram exclusão e sofrimento.
No ambiente de trabalho, a realidade não é muito diferente. Adultos autistas ou com TDAH relatam dificuldades de adaptação, preconceitos velados e a constante sensação de inadequação. Poucas empresas têm políticas reais de acolhimento e acessibilidade para as neurodivergências. Essa exclusão pode levar a quadros de ansiedade, depressão e baixa autoestima.
Outro aspecto preocupante é a desigualdade no acesso a diagnóstico e tratamento. Pessoas neurodiversas em situação de pobreza ou com poucos recursos financeiros raramente conseguem acompanhamento especializado, por conta da falta de profissionais no serviço público e da alta demanda. Enquanto quem tem planos de saúde ou condições de pagar consultas particulares acessa terapias, diagnósticos e suporte com mais facilidade, famílias economicamente fragilizadas ficam à espera por meses — ou nem chegam a ser atendidas. Essa desigualdade agrava ainda mais a exclusão social.
Por isso, falar de neurodiversidade também é falar de direitos. As políticas públicas precisam garantir diagnóstico precoce, atendimento multiprofissional e formação de educadores e gestores que saibam lidar com diferentes perfis cognitivos. O mesmo vale para as famílias, que muitas vezes se sentem sozinhas e sem orientação. Informação de qualidade, redes de apoio e acolhimento fazem toda a diferença para que cada pessoa possa desenvolver seu potencial.
Olhar para a neurodiversidade é, acima de tudo, respeitar a dignidade de quem não se encaixa nos padrões convencionais. É entender que diversidade não é um problema a ser resolvido, mas uma realidade a ser abraçada — dentro das escolas, das famílias, das empresas e das políticas públicas.
Incluir, nesse sentido, vai muito além de permitir a presença física: significa garantir participação, pertencimento e escuta. Significa transformar ambientes para que cada pessoa, com seu jeito de aprender, sentir e viver, tenha a chance de florescer.
Por Nilson S. Aliprandi, psicólogo clínico humanista (CRP 11/04916)
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