Marcus Vinícius de Faria Felipe
Nem Caiado, nem Tarcísio, bolsonarismo lança a hastag #EusóVotoemBolsonaro
Pesquisador diz que bolsonarismo visa Senado e aposta em intervenção dos EUA no Brasil
Professor e pesquisador da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), João Cezar de Castro Rocha é um dos maiores pesquisadores da extrema direita. Ele é autor de livros e na sua pesquisa participa de sites, redes sociais e analisa todas as obras literárias produzidas pelo segmento, desde as obras de Olavo de Carvalho, ideólogo do bolsonarismo às teorias de Steve Bannon, o guru do trumpismo.
Ontem, em entrevista à UOL e também em vídeos nas suas redes sociais, João Cezar diz ter decifrado o plano do bolsonarismo para as eleições de 2026, e consiste em abrir mão de lançar candidato à presidência e concentrar forças nas eleições parlamentares, principalmente de senadores.
A consequência deste posicionamento é que os bolsonaristas não vão apoiar as candidaturas de governadores de oposição como Ronaldo Caiado (União-GO), Romeu Zema (Novo-MG), Ratinho Jr. (PSD-PR) ou Tarcísio de Freitas (Republicanos –SP).
A estratégia, segundo João Cezar, foi percebida através da nova orientação nas redes sociais bolsonaristas e da extrema direita em geral, com a hastag: #EuSóVotoemBolsonaro. De acordo com o pesquisador, o movimento está alinhado com os interesses de Washington no País, que é de desestabilizar o governo do presidente Lula.
“É uma campanha dupla, de um lado, se alinha ao governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump – num dos maiores atos de traição da história do Brasil -, de outro, lança a campanha: #EusóVotoemBolsonaro”. O senador Flávio Bolsonaro deu entrevista e disse que sem Bolsonaro a eleição de 2026 não será reconhecida pelos Estados Unidos”, denuncia.
Hastag bolsonarista ganh força nas redes de extrema direita; Reprodução
De acordo com João Castro, a estratégia obedece à linha ideológica do astrólogo Olavo de Carvalho, na sua teoria do “Teatro das Tesouras”, sobre a qual é que era falsa a alternância de entre o PSDB de Fernando Henrique Cardoso e o PT de Luis Inácio Lula da Silva, o país. Segundo o olavobolsonarismo, PSDB e PT pertenciam ao mesmo pólo da política, e somente o movimento liderado por Jair Bolsonaro representou a ruptura da “velha política”.
“A extrema direita abrirá mão de disputar a presidência da República e tentará dizer que Ronaldo Caiado, Romeu Zema, Ratinho Jr. e Tarcísio de Freitas são a reedição da teoria do Olavo de Carvalho do Teatro das Tesouras. Eles (os governadores) seriam como o novo PSDB, ou seja, a manutenção de um sistema para uma oposição falsa entre PT e eles, e diante disso, a extrema direita estaria alijada eleição”, esclarece.
Coerente com este posicionamento, o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro não hipotecará apoio a nenhum dos quatro governadores, observa o pesquisador.
“ Toda concentração bolsonarista será feita para a disputa do Senado, de modo a manietar o Judiciário”, adverte João Cezar.
Este posicionamento ideológico, que marcou a eleição de Bolsonaro em 2018, retoma com força diante da possibilidade mais do que real de prisão do ex-presidente, que deve ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado.
João Cezar ressalta que a militância do deputado federal Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, comprova este alinhamento do bolsonarismo com os interesses de Washington. Tudo fica claro quando o presidente norte-americano Donald Trump tarifa os produtos brasileiros em 50%, com a exigência de que abriria mão da taxação somente se fosse encerrado o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Para João Cezar, o conluio com as forças norte-americanas é a aposta única do bolsonarismo para voltar ao poder.
“É o maior ato de traição à pátria da história do Brasil. Eles dirão que a eleição não é legítima, sem Bolsonaro, e com isto pretendem abrir caminho para uma intervenção militar norte-americana no Brasil. É esse o novo plano da extrema-direita para o Brasil”, conclui.
