Silêncio da PGR sobre decisões de Toffoli em caso do Banco Master gera incômodo nas investigações
Reprodução Um ponto específico tem despertado atenção entre investigadores que apuram a fraude envolvendo o Banco Master: a ausência de manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) diante das decisões tomadas pelo ministro Dias Toffoli, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF).
Além de assumir para si a condução do processo, Toffoli reforçou o grau de sigilo das investigações, movimento que provocou desconforto tanto na Polícia Federal (PF) quanto no Ministério Público. Mesmo assim, e apesar de o próprio ministro ter solicitado formalmente uma posição da PGR, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, permanece sem se pronunciar.
“O silêncio de Gonet é eloquente”, afirmou, de forma reservada, um subprocurador-geral da República, segundo informações do O GLOBO.
Segundo esse integrante do Ministério Público, Gonet tem como característica centralizar processos e adotar um ritmo mais lento de atuação. No caso do Banco Master, já se passaram alguns dias desde que o processo chegou à PGR para manifestação — embora, por tramitar sob sigilo máximo, não seja possível precisar a data exata.
“No melhor cenário, Gonet pode estar igual ao PM do esquadrão antibomba que age bem cautelosamente para fazer a coisa certa”, acrescentou o subprocurador.
Segundo informações, o O GLOBO o procurou, mas a assessoria da Procuradoria-Geral da República informou que “não vai se manifestar porque o processo é sigiloso”.
Patrocínio
Tanto Dias Toffoli quanto Paulo Gonet já participaram de eventos que tiveram patrocínio do Banco Master. Em abril do ano passado, os dois estiveram presentes no I Fórum Jurídico Brasil de Ideias, organizado por uma empresária bolsonarista que já fez críticas a “cidadãos de toga” e ao “canetaço” do Supremo Tribunal Federal.
O evento contou ainda com a presença dos ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes. A esposa de Moraes, a advogada Viviane Barci de Moraes, foi contratada pelo Banco Master, com previsão de pagamento de R$ 129 milhões ao longo de três anos, conforme revelou o blog.
Em novembro, Paulo Gonet teve sua recondução à chefia da PGR por mais dois anos aprovada pelo Senado Federal. A votação foi a mais apertada para um procurador-geral da República desde a redemocratização: 45 votos favoráveis — apenas quatro acima do mínimo constitucional — e 26 contrários.
O resultado ficou abaixo da expectativa do relator da indicação, senador Omar Aziz (PSD-AM), que projetava entre 48 e 52 votos favoráveis.
Retomada da investigação
Na última segunda-feira, Dias Toffoli autorizou a retomada das investigações sobre as fraudes no Banco Master. O ministro determinou que as oitivas da Polícia Federal com os investigados ocorram “por videoconferência ou presencialmente em uma das salas de audiência localizadas nesta Suprema Corte, devendo ser gravadas e acompanhadas pelos magistrados auxiliares” de seu gabinete.