Tarifaço do México deve travar negociações com o Brasil e adiar atualização de acordos comerciais
Reprodução O tarifaço aprovado pelo Congresso do México — que elevará os custos de produtos brasileiros a partir de 1º de janeiro de 2026 — deve esfriar as negociações para atualizar os dois acordos comerciais hoje em vigor entre os países. A avaliação é de técnicos da equipe econômica brasileira que acompanham as discussões, segundo informou o PlatôBR.
Pressão externa e impacto político
A previsão inicial do vice-presidente Geraldo Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), era de que os tratados revisados fossem assinados em julho de 2026. O cronograma havia sido pactuado com a presidente do México, Claudia Sheinbaum, durante visita oficial em agosto do ano passado.
No entanto, de acordo com técnicos do governo, a pressão do governo Donald Trump — que acusa o México de ser porta de entrada de produtos chineses nos Estados Unidos — deve afetar o ritmo das conversas.
A movimentação ocorre justamente às vésperas de México e Canadá iniciarem a renegociação do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (T-MEC) com os EUA, o que pode fazer o governo mexicano priorizar a agenda norte-americana e travar avanços com o Brasil.
O que está em jogo para o Brasil
Atualmente, Brasil e México mantêm o comércio bilateral por meio de dois Acordos de Complementação Econômica (ACE):
ACE-55: voltado ao setor automotivo;
ACE-53: prevê redução ou eliminação de tarifas para cerca de 800 linhas tarifárias de produtos não automotivos.
A corrente de comércio entre os países somou US$ 13,6 bilhões em 2024. Estimativas preliminares da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontam que o tarifaço pode atingir US$ 1,7 bilhão em exportações brasileiras ao México.
Alcance do tarifaço mexicano
A sobretaxação também incidirá sobre produtos de outros países, como China, África do Sul, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Índia, Indonésia, Nicarágua, Tailândia, Taiwan e Vietnã.
As novas tarifas vão abranger 1.463 classificações tarifárias distribuídas em 17 setores — incluindo automotivo, têxtil, siderúrgico, plásticos, vestuário, eletrodomésticos, móveis e calçados.
Dessas, 316 classificações atualmente não têm cobrança de impostos.