Cid: advogado de Bolsonaro tentou articular “defesa conjunta” e impedir delação
Reprodução Ex-ajudante de Bolsonaro acusa equipe jurídica de tentar obter informações sobre delação e articular defesa conjunta
Em novo depoimento à Polícia Federal, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid afirmou que integrantes da equipe jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentaram obter informações sobre os termos de sua delação premiada por meio de contatos com sua família. O relato foi dado na última terça-feira (24), no inquérito que investiga uma suposta tentativa de obstrução das investigações sobre uma trama golpista no final do governo Bolsonaro.
Segundo Cid, o advogado Eduardo Kuntz, que defende o investigado Marcelo Câmara, manteve encontros com sua mãe em São Paulo durante competições de hipismo da filha dele. “Não compreendo o motivo desses encontros, pois minha relação com Kuntz era limitada à defesa de Bolsonaro”, afirmou o ex-ajudante.
Em uma dessas ocasiões, Kuntz estava acompanhado do advogado Paulo Bueno, atual defensor de Bolsonaro, e ambos se colocaram à disposição para assumir a defesa de Cid, que na época estava preso. Cid entregou à PF um documento assinado por sua mãe confirmando a abordagem dos advogados.
Sobre a filha, Cid acredita que Kuntz buscava obter informações sobre a colaboração premiada que o ex-ajudante firmou com a Polícia Federal.
Além disso, Cid relatou que Fábio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência e assessor próximo de Bolsonaro, fez tentativas de contato com sua esposa e filha menor em agosto e setembro de 2023. As conversas ocorreram por mensagens de WhatsApp e, em um dos episódios, houve uma ligação para tentar convencer a esposa a substituir os advogados que defendiam Cid.
O ex-ajudante entregou à PF uma declaração assinada por sua esposa confirmando os contatos com Wajngarten, suspeitando que o objetivo era levantar informações sensíveis sobre a delação.
Em resposta ao site Metrópoles, Wajngarten negou as acusações e afirmou que as denúncias são uma tentativa de deslegitimar a colaboração premiada de Cid. “A criminalização da advocacia é a cortina de fumaça para tentar ocultar a expressa falta de voluntariedade do réu delator Mauro Cid e a consequente nulidade da colaboração”, declarou.
Wajngarten foi demitido do Partido Liberal em maio, após a divulgação de mensagens privadas com Cid e críticas à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.