Glauber chama Lira de 'articulador do Orçamento secreto' em depoimento à PF
reprodução Um dos depoentes ouvidos pela Polícia Federal na investigação sobre desvio de emendas parlamentares, o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) afirma esperar que o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), a quem chama de "grande articulador do Orçamento secreto", seja responsabilizado.
Nesta semana, Glauber teve o mandato suspenso por seis meses após chutar um militante do MBL. O parlamentar afirma que Lira articulava sua cassação em razão das denúncias feitas no plenário sobre o suposto envolvimento do ex-presidente da Câmara com desvios de emendas.
Nesta sexta-feira (12), a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão relacionados a Mariângela Fialek, a Tuca, assessora ligada a Lira. A operação teve como base depoimentos de deputados sobre os desvios. Glauber já foi ouvido duas vezes e declarou que o controle das emendas de relator e das emendas de comissão era vinculado a Lira.
Conforme revelado pela Folha em agosto do ano passado, a Comissão de Integração Nacional e Desenvolvimento Regional da Câmara distribuiu verbas bilionárias seguindo orientações repassadas por Tuca, então assessora de confiança de Lira. Membros do colegiado afirmaram desconhecer o destino dos repasses.
"Eu espero agora o aprofundamento da investigação e a responsabilização daquele que foi o grande articulador do Orçamento secreto", diz Glauber. "Tem provas abundantes, tem demonstrações concretas do que que Arthur Lira fez com o Orçamento público", completa.
O deputado afirma ainda que a operação expôs a conexão entre a tentativa de cassação de seu mandato e uma tentativa de silenciamento. "Se eu for pegar, inclusive, as datas, em fevereiro eu presto o depoimento para a Polícia Federal. Algum tempo depois, o relator [no Conselho de Ética] apresenta uma solicitação de cassação. Uma coisa, evidentemente, está completamente conectada", declara.
"Era uma tentativa de me calar, fazer com que eu ficasse acuado com essa investida que o Arthur Lira deu através do relator no Conselho de Ética", acrescenta.
Para Glauber, a suspensão — e não a cassação — representa uma derrota política para Lira. "Porque ele tava certo de que ia conseguir operar a cassação, ele não tinha nenhuma dúvida disso. Aí quando ele não obtém o resultado que esperava, evidentemente que ele fica frustrado", afirma o psolista.