Avaliação de Hugo Motta cai 13 pontos entre deputados, mostra Genial/Quaest
Queda é puxada por governistas; movimentos recentes no comando da Câmara influenciam percepção
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta — Foto: Sergio Lima / AFP/09-12-2025 Dados da pesquisa “O que pensam os deputados”, divulgada pela Genial/Quaest nesta sexta-feira, mostram que a avaliação positiva do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), caiu treze pontos percentuais nos últimos seis meses: passou de 68% em junho para 55% agora.
O maior recuo ocorreu entre deputados governistas, cujo apoio despencou de 77% para 44% no mesmo período.
Entre deputados independentes, a avaliação positiva também caiu (de 82% para 70%). Já na oposição, o índice ficou estável, com pequena oscilação de 47% para 49%.
Movimentos de Motta na pauta da Câmara pesam na avaliação
A percepção dos parlamentares coincide com decisões recentes de Motta no comando da Casa. Em gesto à base bolsonarista, ele pautou o PL da Dosimetria, que reduz penas de envolvidos no 8/1 e tende a beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
No dia seguinte, levou ao plenário os processos de cassação de Glauber Braga (PSOL-RJ) — suspenso por seis meses — e Carla Zambelli (PL-SP), que teve o mandato mantido.
Horas depois, porém, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, decretou a perda do mandato da deputada, presa na Itália após fugir do Brasil ao ser condenada pelo ataque hacker ao sistema do CNJ.
Atritos e reorganização política interna
Antes disso, Motta declarou rompimento com o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), após sucessivos atritos — entre eles, tensões sobre o PL Antifacção, cuja relatoria ele entregou à oposição.
O conflito reacendeu nesta semana, quando Lindbergh afirmou que Motta “está perdendo as condições de presidir a Câmara”, após a retirada forçada de Glauber Braga da cadeira da presidência na véspera de sua cassação.
Relação entre governo e Congresso segue negativa
A pesquisa indica que 50% dos deputados avaliam negativamente a relação entre a Câmara e o Congresso (eram 51% em junho).
O índice, no entanto, melhorou entre independentes (de 65% para 44%) e deputados do Centro (de 40% para 33%).
A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, aparece como a principal interlocutora do governo para 21% dos deputados, seguida por Alexandre Padilha. Em junho, Gleisi tinha 12% e Padilha 9%.
Ainda assim, 29% apontam “outros” como responsáveis pela ponte política; 14% dizem não ter interlocutor e 18% não souberam responder.
A pesquisa também avaliou ministros mais rejeitados: Rui Costa (Casa Civil), com 43%, e Fernando Haddad (Fazenda), com 42%.
Disputa de 2026 divide opiniões dos deputados
Sobre as eleições de 2026, 43% acreditam que Lula (PT) é favorito; 42% apostam na oposição.
A mesma divisão aparece na leitura sobre a influência de Bolsonaro:
• 42% acham possível a direita eleger alguém sem ele,
• 42% acreditam que não.
Pautas em discussão: governo avança em alguns temas
Deputados se disseram favoráveis a:
• Trabalho por aplicativos — 66%
• Tarifa zero — 60%
• Segunda fase da reforma tributária — 60%
Para atingir a meta fiscal, 90% defendem:
• reduzir gastos com super-salários no setor público
• aumentar a taxação das bets
Outros apoios:
• taxação maior sobre fintechs — 65%
• redução de benefícios fiscais — 58%
• redução dos gastos com previdência dos militares — 57%
A pesquisa também registrou avanço no apoio à PEC da Segurança Pública: agora 49% são favoráveis e 39% contrários (em junho havia empate de 42%).
A Quaest ouviu 167 deputados entre 29 de novembro e 11 de dezembro. A margem de erro é de sete pontos percentuais.