Brasil deve superar EUA e ser o maior produtor mundial de carne em 2025
reprodução No caso brasileiro, além da produção, as exportações de carne bovina também deverão bater recorde em 2025.
Os embarques devem superar as 4 milhões de toneladas em equivalente carcaça (TEC) registradas em 2024 e crescer 12%, segundo projeções da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).
De janeiro a novembro, o Brasil exportou 3,15 milhões de toneladas de carne bovina, crescimento de 18,3% em relação ao mesmo período de 2024. A receita chegou a US$ 16,18 bilhões, alta de 37,5% na comparação anual, de acordo com a Abiec.
Ciclo pecuário preocupa para 2026
Se 2025 se desenha como um ano promissor, o horizonte para 2026 é menos alvissareiro.
Levantamento exclusivo da Datagro, consultoria agrícola, estima uma queda de 7,5% no número de abates no próximo ano, para 38 milhões de cabeças, movimento que deve impactar toda a cadeia pecuária.
A retração está ligada à fase atual do ciclo pecuário. Mesmo com a queda projetada, o volume de abates ainda estará entre os mais elevados dos últimos anos.
Entenda o ciclo da pecuária
O mecanismo funciona da seguinte forma:
quando há abates elevados, como ocorre atualmente, a oferta de bezerros diminui. Com menos animais para engorda, o preço do bezerro sobe, chegando a superar o valor do boi gordo.
Esse diferencial aumenta o chamado “ágio da reposição”, que é o valor adicional pago pela arroba do animal de reposição em relação ao preço obtido na venda do boi gordo.
Diante desse cenário, o pecuarista tende a reter as fêmeas no campo, em vez de abatê-las, apostando que os bezerros nascidos no ano seguinte terão maior valor de mercado.
Brasil se aproxima dos EUA em produção
Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção brasileira de carne bovina deve atingir 11,7 milhões de toneladas, número muito próximo ao dos Estados Unidos, estimado em 11,71 milhões de toneladas.
Esse movimento deve provocar um efeito em cascata no mercado.
Com a menor oferta, a previsão é de aumento dos preços, o que deve levar o consumo doméstico a recuar 7,1%, para 6.043 TECs. Já as exportações também devem apresentar queda de 1,9%, para 3.981 TECs.
Mercado externo segue favorável
Mesmo em um cenário menos positivo para 2026, João Figueiredo, analista da Datagro, avalia que a pecuária brasileira vive um bom momento no mercado internacional, com tendência de continuidade.
"O país exporta carne bovina para mais de 150 países. O Brasil tem condição total de atender à demanda do mercado interno e abastecer o mercado mundial nos próximos dez anos", afirma.