Deputados planejam retaliação contra Lula e STF após operação sobre emendas
Uma operação da Polícia Federal que teve como alvo Mariangela Fialek, conhecida como Tuca, funcionária da Câmara responsável pela distribuição de emendas parlamentares, gerou uma forte reação entre senadores e deputados. A ala do Congresso que vê o governo Lula por trás da ação, ordenada pelo ministro Flávio Dino, articula uma resposta conjunta contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Executivo.
Líderes de todas as legendas foram convocados para uma reunião de emergência em Brasília na noite de sexta-feira (12) para discutir os próximos passos. A operação, que ocorreu após outros embates entre o STF e o Congresso, baseou-se em relatos de pressão política, envio de planilhas sem autoria definida e centralização de decisões sobre verbas bilionárias, supostamente para favorecer Arthur Lira, ex-presidente da Câmara e figura central na época do "orçamento secreto".
Embora Lira não seja alvo direto da operação, seu nome é citado em depoimentos como o principal interessado nas movimentações atribuídas a Tuca. Parlamentares argumentam que a investigação, para ser completa, precisaria avançar sobre os ministérios responsáveis pela execução do pagamento das emendas, uma vez que os deputados destinam os recursos, mas os ministérios de Lula os encaminham e ordenam a execução.
Arthur Lira teria afirmado que as planilhas organizadas por Tuca discriminavam quais autoridades do governo autorizaram cada envio, apontando para ministros como Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais), Alexandre Padilha (Saúde) e Waldez Góes (Integração Nacional), além de outros auxiliares do presidente.
Além de solicitar medidas jurídico-institucionais ao atual presidente da Câmara, Arthur Lira, para embargar o avanço das apurações, os parlamentares discutem a aceleração de duas propostas no Senado que visam limitar as ações do STF. Uma delas é a emenda constitucional do senador Espiridião Amin (PP-SC), que restringe decisões monocráticas de ministros.
Em contrapartida, o presidente da Câmara, Arthur Lira, tem buscado apaziguar os ânimos para evitar o acirramento do conflito entre os poderes. No entanto, Lira enfrenta uma crise de liderança, tendo sido contrariado por deputados na tentativa de cassar os mandatos de Glauber Braga (PSOL-RJ) e Carla Zambelli (PL-SP) no início da semana. Após a intervenção da polícia legislativa, Braga teve o mandato suspenso por seis meses, enquanto a cassação de Zambelli foi rejeitada.
Posteriormente, o ministro Alexandre de Moraes anulou a decisão da Câmara, ratificada pela Primeira Turma do STF. Diante desse cenário, Lira teria pouca margem política para conter a indignação dos deputados com a ofensiva do Supremo.