Eduardo Bolsonaro acumula derrotas após aproximação entre Lula e Trump
Reprodução O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) enfrenta uma série de derrotas políticas nos Estados Unidos após a inesperada aproximação entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump. A retirada das sanções contra o ministro Alexandre de Moraes e o fim do tarifaço contra produtos brasileiros representam os principais reveses para o filho do ex-presidente.
A queda da Lei Magnitsky aplicada contra Moraes e sua esposa, Viviane Barci de Moraes, ocorrida ontem, simboliza o maior revés para Eduardo até o momento. Os EUA retiraram o casal da lista de sanções financeiras e territoriais que haviam sido impostas desde 30 de julho.
A aplicação desta lei era a principal bandeira defendida por Eduardo desde fevereiro, quando chegou aos Estados Unidos. Junto com Paulo Figueiredo, o deputado participou de reuniões com autoridades americanas para articular as medidas contra o ministro, relator do processo contra Jair Bolsonaro pela trama golpista.
Reação e outras derrotas
Após o fim das sanções, Eduardo manifestou seu descontentamento: "Lamentamos que a sociedade brasileira, diante da janela de oportunidade que teve em mãos, não tenha conseguido construir a unidade política necessária para enfrentar seus próprios problemas estruturais".
O fim do tarifaço de 50% contra produtos brasileiros, imposto em julho, também representa uma derrota significativa. Na época, Eduardo havia declarado à CNN que aquele não era "o cenário desejado", mas "a única esperança" que restava. "Não tenho como criticar o Donald Trump. Lamento que o povo brasileiro inteiro possa a vir pagar essa conta", afirmou.
Aproximação Lula-Trump
Donald Trump em reunião com Lula, na Malásia, em foto divulgada pela Casa Branca Foto: Reprodução/@White House no X
A derrocada da estratégia de Eduardo coincide diretamente com o crescente diálogo entre Lula e Trump. O primeiro encontro entre os presidentes ocorreu em 23 de setembro, na Assembleia da ONU em Nova York. Trump relatou posteriormente que ambos se abraçaram, afirmando ter gostado de Lula e sentido "uma ótima química" com o petista.
Cronologia das negociações:
- 6 de outubro: Lula e Trump conversam por telefone
- 8 de outubro: O secretário de Estado americano Marco Rubio e o ministro Mauro Vieira dialogam e combinam encontro em Washington
- 16 de outubro: Rubio e Vieira se reúnem para discutir o tarifaço
- 26 de outubro: Lula e Trump se encontram na Malásia
- Novembro: Novas reuniões entre Rubio e Vieira no Canadá e em Washington
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Fernando Haddad também participaram das negociações com o governo americano e empresários. Até Joesley Batista, da JBS, esteve na Casa Branca em setembro para solicitar a revogação da tarifa sobre a carne brasileira.
Enquanto isso, Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo perdiam espaço na Casa Branca.
Problemas na Justiça e no Congresso
Em 14 de novembro, em meio à crescente aproximação Lula-Trump, Eduardo se tornou réu no STF. A Primeira Turma aceitou denúncia da PGR por coação à Justiça, entendendo que o deputado articulou por sanções contra o Brasil para tentar livrar seu pai de condenação.
A proposta de anistia, defendida por Eduardo como solução para as sanções, também não avançou. Em vez disso, a Câmara aprovou recentemente o PL da Dosimetria, que apenas reduz penas contra o ex-presidente e outros condenados pelo golpe.
O deputado também enfrenta risco de cassação. Esta semana, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), notificou Eduardo do processo de cassação por excesso de faltas.