Conheça o USS Gerald Ford, porta-aviões que Trump usa contra Maduro
Reprodução O governo Trump utilizou na sexta-feira (24) o maior e mais avançado porta-aviões que o Exército dos Estados Unidos possui como uma estratégia para intensificar ainda mais as tensões contra o regime de Nicolás Maduro na Venezuela.
O porta-aviões USS Gerald Ford e seu grupo de ataque, que inclui três destróieres —o USS Mahan, USS Bainbridge e USS Winston Churchill—, esquadrões de caças F-18 e helicópteros de ataque, foi enviado para o mar do Caribe, onde deve chegar em alguns dias. USS é a sigla em inglês para United States Ships, ou "navios dos Estados Unidos".
O USS Gerald Ford é o maior, mais letal e adaptável porta-aviões do mundo e também o mais moderno e tecnologicamente avançado dos EUA, conforme a Marinha americana. Integrado ao arsenal americano apenas em 2017 —considerado recente em termos da indústria militar—, o porta-aviões tem capacidade para acomodar até 90 caças e helicópteros, além de contar com uma pista que serve para pousos e decolagens —essa pista é três vezes maior que a do gramado do Maracanã.
"O USS Gerald Ford é um dos maiores poderes de fogo navais que os EUA podem projetar. Seu envio é sinal inequívoco de que os EUA estão dispostos a usar força militar muito além do que tem sido feito com os ataques a barcos e lanchas no Caribe", declarou ao g1 o professor de Relações Internacionais da UFF e pesquisador de Harvard Vitelio Brustolin. Em comunicado, o Pentágono afirmou que a missão do grupo de ataque USS Gerald Ford na região será "ampliar e fortalecer as capacidades existentes para interromper o tráfico de drogas e degradar e desmantelar" cartéis de drogas latino-americanos, com os quais o governo Trump diz estar em guerra.
Batizado em homenagem ao ex-presidente Gerald Ford, que governou os EUA entre 1974 e 1977, o porta-aviões é considerado o principal ativo da Marinha americana para projeção de poder, dissuasão e controle do mar. O USS Gerald Ford inaugurou uma nova classe de porta-aviões da indústria militar dos EUA.
As embarcações e aeronaves do grupo de ataque USS Gerald Ford se somam à já significativa presença militar dos Estados Unidos no mar do Caribe, que inclui diversos navios de guerra, jatos de combate, helicópteros de operações especiais e aviões bombardeiros. O envio militar de sexta-feira intensificou ainda mais a pressão militar aplicada pelo governo Trump ao regime Maduro e foi vista pela imprensa dos EUA como um sinal de "grande expansão" da campanha americana.
O USS Gerald Ford foi avistado pela última vez na costa da Croácia na terça (21). Por conta disso, é possível que ainda demore alguns dias para que o porta-aviões chegue ao mar do Caribe. No dia 1°, o grupo de ataque estava passando pelo Estreito de Gibraltar, e no final de setembro estava na costa da Noruega realizando exercícios militares.
A escalada de tensões entre EUA e Venezuela já resultou em bombardeios a 10 barcos venezuelanos no mar do Caribe e no Oceano Pacífico próximo à América do Sul, e cada vez mais aumenta a possibilidade de operações militares de tropas americanas na Venezuela.
Desde agosto, o governo Trump designou cartéis de drogas sul-americanos como organizações terroristas e ordenou operações militares contra eles sob a justificativa de interromper o fluxo de drogas que entra nos EUA. Além disso, os EUA acusaram Maduro de liderar o Cartel de Los Soles e aumentaram a recompensa pela sua captura para US$ 50 milhões (cerca de R$ 269 milhões).
Maduro denuncia que o verdadeiro objetivo da ofensiva dos EUA é derrubá-lo, e na quinta-feira fez apelos em inglês contra uma possível operação americana, dizendo "no crazy war, please" (leia mais abaixo). Já Trump afirmou que realizará ações terrestres contra cartéis de drogas em breve, embora não tenha mencionado a Venezuela. Anteriormente, o líder americano disse que Maduro "ofereceu tudo" —em referência aos recursos naturais do país— em troca de uma investida militar no país, mas Trump teria recusado.
Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) também enfraquecem a versão oficial das operações: o Relatório Mundial sobre Drogas de 2025, da agência da ONU para drogas e crimes, indica que a droga que mais causa overdoses nos EUA, o fentanil, provém do México, que fica perto da costa oeste dos EUA. Apesar disso, a frota militar americana foi enviada para o mar do Caribe, na outra ponta do sul dos EUA e perto da Venezuela.
Na quinta-feira (23), o ministro da Defesa da Venezuela afirmou que agentes da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA, na sigla em inglês) já estão no país. A declaração foi feita após o presidente Donald Trump autorizar ações de Inteligência contra alvos ligados ao chavismo.
“Sabemos que a CIA está presente na Venezuela”, disse o ministro Vladimir Padrino. “Podem enviar quantas unidades quiserem em operações encobertas a partir de qualquer ponto do país. Qualquer tentativa vai fracassar.” Diante da escalada, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou que não deseja guerra com os EUA e pediu, em inglês, que Trump também evite o conflito.
"No crazy war, please. Não à guerra louca. No crazy war. A Venezuela quer paz", declarou Maduro na quinta-feira.
Na semana passada, o jornal The New York Times afirmou que as ações autorizadas pela CIA por Trump podem incluir “operações letais” e outras iniciativas da inteligência americana no Caribe. Com isso, os alvos poderiam ser Maduro e membros do governo venezuelano.
Trump afirmou que autorizou operações secretas porque a Venezuela tem enviado drogas e criminosos para os Estados Unidos. No dia 15 de outubro, ao ser questionado se agentes de inteligência teriam autoridade para eliminar o presidente venezuelano, ele preferiu não responder.
Desde o mês passado, segundo a imprensa americana, o governo Trump está avaliando uma operação militar que pode incluir ataques à Venezuela. Estruturas ligadas a cartéis de drogas estariam entre os possíveis alvos. Autoridades afirmam que o objetivo final seria remover Maduro do poder.
Nesta quinta-feira (23), Trump afirmou que os Estados Unidos devem realizar ações militares em terra contra cartéis. Ele não mencionou diretamente a Venezuela. Ele acrescentou que não precisará solicitar ao Congresso uma declaração de guerra.
"Acho que vamos apenas eliminar as pessoas que estão trazendo drogas para o nosso país. Certo? Vamos eliminá-las." Já o secretário de Guerra, Pete Hegseth, afirmou que os militares americanos irão caçar e eliminar todos os “terroristas” que traficam drogas para os Estados Unidos.
"Estas são organizações terroristas estrangeiras designadas. São o Estado Islâmico e a Al-Qaeda do Hemisfério Ocidental. Nossa mensagem para essas organizações terroristas estrangeiras é: trataremos vocês como tratamos a Al-Qaeda."