• A +
    • A -

    Crise no INSS força Lula a reestruturar governo e acelerar ações para 2025

    O GLOBO
    Crise no INSS força Lula a reestruturar governo e acelerar ações para 2025 Lula concede entrevista coletiva em último dia de viagem à Rússia — Foto: Ricardo Stuckert

    O escândalo envolvendo o INSS e a possível criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o caso alteraram significativamente os planos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que inicialmente via 2025 como o ano de "colheita" de sua gestão. A crise comprometeu a tentativa de recuperação da popularidade do governo e forçou o Palácio do Planalto a ajustar sua estratégia de comunicação. Isso resultou em uma maior dependência de novas ações para reconectar-se com a população e garantir um bom desempenho nas eleições futuras, quando Lula tentará concorrer a um quarto mandato.

    Pesquisas realizadas pelo Planalto já indicavam que a crise relacionada aos desvios nas aposentadorias afetava negativamente a imagem do presidente, interrompendo a recuperação de sua aprovação. Agora, com a possibilidade da CPI, parte da atenção do governo se desloca para a articulação política, em um momento crítico, em que o Palácio precisa acelerar a aprovação de projetos. No entanto, o semestre legislativo até o momento tem mostrado poucos avanços na agenda de Lula. A ministra Gleisi Hoffmann, responsável pelas Relações Institucionais, alertou na sexta-feira que a comissão poderia atrasar o ressarcimento das vítimas.

    O risco de que os trabalhos da CPI consumam meses de desgaste é real, com ministros sendo convocados a depor e novas revelações surgindo sobre o esquema, que continua sob investigação pela Polícia Federal. Esse cenário obrigou o governo a adotar uma nova postura, passando de uma tentativa inicial de evitar a CPI para uma estratégia de colocar governistas em posições-chave dentro da comissão. Ao mesmo tempo, o Planalto se voltou para ações mais imediatas, buscando medidas populares que ajudem a melhorar a imagem do presidente.

    Uma dessas medidas é a reforma do sistema de comunicação do governo, que não conseguiu neutralizar todos os desgastes acumulados ao longo do terceiro mandato de Lula. A crise envolvendo a "taxação das blusinhas", a crítica de que o governo aumenta impostos e o ataque da oposição durante a crise do Pix ainda impactam parte da população.

    O governo reconhece que é necessário fazer ajustes. Rubens Pereira Júnior (PT-MA), vice-líder do governo na Câmara, afirmou que, apesar dos desgastes, há ações positivas sendo implementadas e novas iniciativas estão a caminho.

    Uma das grandes apostas para 2025 é a aprovação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, promessa de campanha de Lula, que poderia melhorar a relação com uma parte significativa da classe média. No entanto, a aprovação depende do ritmo do Congresso, e por isso o governo está preparando outras ações para fortalecer sua imagem.

    Está prevista para a próxima semana uma cerimônia no Palácio do Planalto para o lançamento de duas medidas populares: a gratuidade nas tarifas de energia elétrica para inscritos no Cadastro Único (CadÚnico), voltada para aqueles que consomem até 80 kWh por mês, e o novo formato do vale-gás, que será rebatizado de "Gás para Todos". As duas medidas provisórias que criam esses programas já estão prontas. Além disso, o governo trabalha para acelerar a implementação de novas linhas de crédito voltadas para a população de baixa renda, com destaque para um programa de reforma de moradias precárias, que deve ser anunciado em breve.

    Outra proposta em desenvolvimento é o crédito para entregadores de aplicativos, que permitirá a compra de motocicletas, uma iniciativa que está sendo elaborada pelo Ministério do Trabalho e Emprego. No Ministério da Saúde, o ministro Alexandre Padilha anunciou convênios com a iniciativa privada para reduzir as filas do Sistema Único de Saúde (SUS) nas áreas de oncologia, oftalmologia, cardiologia, ortopedia e otorrinolaringologia.

    Além disso, programas recentes, como o crédito consignado privado lançado pelo Ministério da Fazenda, estão sendo destacados como vitrine do governo, enquanto outras medidas não conseguiram ganhar tração.

    A Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) destacou que os lançamentos de novas ações fazem parte de um aprimoramento contínuo das políticas públicas já implementadas. Além disso, a Secom acredita que 2025 será o ano em que a população começará a ver os resultados concretos das políticas do governo Lula, após dois anos de esforços para reconstruir ministérios, instituições e programas desmantelados durante o governo anterior.

    No entanto, a necessidade de seguir avançando com novas iniciativas está clara, e isso se contrapõe à ideia que Lula tinha no início de 2025, de que o ano seria focado apenas na "colheita" dos frutos já plantados. Durante uma reunião ministerial em janeiro, o presidente afirmou que 2026 já havia começado, uma referência à disputa eleitoral, e que o foco deveria estar nas entregas de políticas e projetos. Mas, com os desafios se acumulando, tanto o Planalto quanto seus aliados reconhecem que o processo de "colheita" está longe de ser concluído, pois os problemas são dinâmicos e o eleitorado exigirá soluções constantes.












    Além disso, o escândalo do INSS atinge Lula em um ponto particularmente sensível: as suspeitas de desvios éticos, algo que traz à memória escândalos passados como o Petrolão e o Mensalão. Esse tipo de crise coloca em risco a imagem de um governo que luta contra a percepção de corrupção, uma questão "latente" para o PT e que precisa ser gerida com cuidado para evitar maiores danos à confiança pública.




    Buscar

    Alterar Local

    Anuncie Aqui

    Escolha abaixo onde deseja anunciar.

    Efetue o Login

    Recuperar Senha

    Baixe o Nosso Aplicativo!

    Tenha todas as novidades na palma da sua mão.