Mais UEG, menos Caiado!

As eleições que ocorrem na UEG a envolver coordenações de cursos, institutos e a reitoria são beeeeeeem mais do que eleições.
Elas, do ponto de vista político, apontam se o caiadismo deu certo ou não no trato e na gestão da Universidade Estadual de Goiás.
Uma coisa não está, nunca está separada da outra e é importante que isso fique muito bem esclarecido.
Repara...
...Houve um combo, um mix, um pacote político e administrativo "by Caiado" para a UEG; começou, por óbvio, desde o "dia UM" de seu governo dúbio e neoliberal.
Falemos das intervenções, do "entra-e-sai" de reitorias, de uma estrutura dura, intrincada de universidade e surgida de uma concepção operativa, tecnocrática e absolutamente autoritária ou... alguém, dentre nós, foi convidado para discutir o hiper-estruturado formato administrativo da atual UEG e eu, este ansioso escriba, não fiquei sabendo?
Isso é o Caiado que nos restou!
O conceito político e administrativo advindo dessa lógica opera, desse modo, em duas perspectivas essenciais; a primeira é que o funcionamento da "máquina" concentra ou hiperconcentra poderes no topo da gestão e; por sua vez e concomitantemente, aprofunda, intensifica e alarga processos e dispositivos burocráticos para o restante da patuleia.
A equação é mais ou menos assim: para eu conseguir um transporte para um trabalho de campo com quinze alunos em ensolarado dia de sábado são as tarefas de Hércules mais o corte da cabeça da Medusa e um passeio no lodo de Hades.
É sofrimento!
Trocando em miúdos, eu, você, o reitor, as pró-reitorias, as coordenações de institutos e unidades, além do absurdo de coordenadores setoriais e que - valha-me Deus! - não perceberem uma "moeda de cego" pelo imenso sobre-trabalho de uma coordenação local de cursos... Toda essa gente opera e administra uma das mais autoritárias estruturas públicas e administrativas de Goiás e do centro-oeste.
E normalizamos! Tem base?
Isso é grave... Muito grave!
É tremendo porque todas as instituições sérias se avaliam, se criticam, se verificam no todo e em suas partes e se reformam ou... Morrem!
Nunca vi o sacrossanto CSU pôr, de fato, em causa o organograma da UEG; em seus encontros periódicos me lembram um vetusto conclave episcopal de tanto rito, formalismo e protocolos.
Jamais vi nossos fluxogramas, com efetiva profundidade, serem problematizados.
Ora, o CSU não é fim em si; é meio... O fim é a Universidade, sua gente, seus discentes pobres e empobrecidos e que, no seu geral, não trazem no bolso o que dá para um pão seco e vencido.
São os trabalhadores terceirizados e socados na lastima jurídica do infame mundo da flexibilização de empregos e trabalhos; é esse bom povo que limpa o chão onde doutos vaidosos e arrogantes passarelam sem um miserável "bom dia" para esses brasileiros dignos e valorosos.
Estamos nesse estranho momento em que a burocracia vira fim... É como uma máquina, um engenho e que sai a parir mais e mais burocracias.
É bem isso...
Esse é o tônus desse padrão caiadista universitário e que nos coube!
Ao fim, nossa burocracia é um arquétipo foucaultiano do "Vigiar e Punir".
Ora... Toda burocracia é meio para se atingir um fim social, público, eficaz e eficiente. É isso ou se perde e a Universidade sempre será um ninho, um vulcão de liberais, socialistas, comunistas, autogestionarios e rebeldes de todos os tipos e, creiam... Isso é sua força!
Caiado e seus representantes tem de ser derrotados porque essa UEG precisa de ser refundada com outra concepção, com mais inserção social, mais protagonismo intelectual e acadêmico, sobretudo, nos profundos de um Goiás rural, agrário, oligárquico e que, ainda hoje, se nutre de trabalho servil, vilipendiado e em sua medida, escravo e compulsório.
Esse texto não é para indivíduos específicos; mais que isso, visa concepções, formas de entendimento e de condutas no endógeno e no exógeno da UEG.
Precisamos sair da fase inaugural e nos afirmarmos como a principal e mais eficaz política educacional e formativa de Goiás e do centro-oeste brasileiro.
Bom... Sei que a oligarquia que governa essa província tem pavor radical de efetivamente modernizar a UEG... Isso geraria impactos e efeitos diretos no conjunto político, burocrático e administrativo dos Guayazes... Mas é o caminho que cabe para a Universidade Estadual de Goiás ou seremos re-lançados no gueto e no comezinho de cotidianos enfadonhos, maçantes e antipáticos.
Por fim... O caiadismo não pode prosperar nesse pleito e cada um e cada uma de nós e que constrói cotidianamente essa Universidade traz no juízo e nas mãos a potência salutar da ruptura política até encontrarmos nosso caminho.
Angelo Cavalcante - Economista, professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Itumbiara.