Coronel da PM é acusado de oferecer promoção a militar para executar empresário, aponta investigação
Registro do local onde empresário foi assassinado na porta de uma pastelaria, em Goiânia. (Crédito: Reprodução / TV Anhanguera) Uma investigação da Polícia Civil de Goiás (PCGO) revelou uma trama complexa envolvendo a alta patente da Polícia Militar no assassinato do empresário Fabrício Brasil Lourenço, de 49 anos. O coronel Alessandro Regys de Carvalho, superintendente de Aviação da Casa Militar, é apontado como o mandante do crime e teria prometido uma promoção a um policial militar para executar a vítima.
O crime ocorreu em frente à pastelaria do empresário, no Bairro Feliz, em Goiânia. Segundo o inquérito, a motivação seria vingança: Fabrício respondeu a um processo em 2020 por um suposto estupro contra uma parente do coronel.
O crime e a dinâmica
No dia 4 de outubro de 2025, câmeras de segurança registraram o momento da execução. Por volta das 21h40, Fabrício estava na calçada jogando o lixo fora quando dois homens em uma motocicleta se aproximaram.
As imagens mostram os suspeitos disparando vários tiros contra a vítima e fugindo em seguida. A ação foi coordenada: um dos criminosos deu cobertura ao comparsa, chegando a ameaçar uma terceira pessoa que estava no local com uma arma.
Envolvimento de militares
A apuração da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH) identificou os executores como sendo dois sargentos da Polícia Militar:
- Leneker Breno Campos Ayres de Oliveira
- Tiago Lemes de Oliveira
Ambos estão presos no Batalhão Anhanguera. A defesa dos suspeitos não foi localizada pela reportagem original.
Logística e fuga planejada
Além dos militares, a polícia prendeu o empresário e ex-integrante do Exército, José Antônio Moreira dos Santos. Ele é suspeito de fornecer todo o suporte logístico. Investigações apontam que José Antônio esteve na pastelaria 20 minutos antes do crime, comprando água e cerveja para confirmar a presença da vítima, o que reforça a tese de crime de mando.
Após a execução, a fuga seguiu um roteiro detalhado:
- Os executores fugiram para o Setor Village Campos Verdes.
- Esconderam-se em uma área de mata por cerca de 25 minutos.
- Foram resgatados em uma caminhonete de uma empresa ligada a José Antônio.
- Foram levados para uma residência no Setor Santa Genoveva, usada como base de apoio.
Um quarto suspeito, Cleyton Souza Lima, também foi detido. Todos passaram por audiência de custódia e permanecem presos.
O que dizem os citados
Em depoimento, o coronel Alessandro Regys negou as ameaças ao empresário.
A Polícia Militar de Goiás (PMGO) se manifestou oficialmente. Em nota, a corporação afirmou que "a Corregedoria acompanhou integralmente o cumprimento dos mandados judiciais relacionados à investigação conduzida pela Polícia Civil que envolve militares da Corporação".
Ainda segundo o comunicado, "a instituição permanece à disposição das autoridades competentes, colaborando com todos os procedimentos investigativos".
A PMGO reforçou também que os processos de promoção seguem estritamente os critérios legais e que mantém compromisso com a ética, não tolerando condutas que se afastem dos princípios institucionais.