MPGO recomenda ao Município que suspenda o uso de grama sintética em áreas públicas
reprodução O Ministério Público de Goiás (MPGO), por meio da 7ª Promotoria de Justiça de Goiânia, recomendou ao prefeito Sandro Mabel a suspensão imediata de qualquer nova instalação, compra, contratação ou expansão do uso de grama sintética em canteiros, praças, parques e demais áreas públicas da capital.
A promotora Alice de Almeida Freire também determinou que o Município elabore e execute um plano de recuperação ambiental nas áreas já afetadas. O plano deve incluir a retirada da grama sintética com destinação ambientalmente adequada, a revegetação com grama natural e espécies nativas do Cerrado e a restauração das funções ecológicas e de drenagem do solo.
O MPGO deu prazo de 20 dias úteis para que a prefeitura apresente um relatório técnico e administrativo indicando todos os locais onde foi instalada grama sintética, além do plano e do cronograma de remoção e recomposição ambiental.
A recomendação faz parte de um procedimento que investiga a legalidade da substituição da vegetação natural por grama sintética no canteiro da Avenida Castelo Branco e em outros espaços públicos, bem como seus impactos ambientais, urbanísticos, estéticos e sociais.
Laudos da Coordenação de Apoio Técnico-Pericial (Catep) do MPGO já apontaram que não há qualquer benefício ambiental, ecológico ou financeiro na prática. Pelo contrário: os técnicos identificaram impactos negativos significativos em diversas frentes.
O estudo destaca que a grama natural desempenha funções essenciais, como regulação térmica, absorção de CO₂, liberação de oxigênio, retenção de umidade, infiltração da água da chuva e suporte à biodiversidade do solo. A grama sintética, por sua vez, é impermeável, inorgânica e isolante térmica, provocando aumento de temperatura e bloqueando completamente a infiltração da água.
Segundo a promotora, a grama sintética instalada em Goiânia é totalmente impermeável, sem furos ou sistema de drenagem adequado, o que impede a recarga do lençol freático, reduz a oxigenação do solo e agrava o escoamento superficial — fatores que favorecem alagamentos e enchentes na cidade.