Brasileiro é condenado a dez anos de prisão na Argentina por tentativa de assassinar Cristina Kirchner

A Justiça da Argentina condenou Fernando Sabag Montiel a 10 anos de prisão e Brenda Uliarte a 8 anos de prisão pelo ataque a Cristina Kirchner, ocorrido em 1º de setembro de 2022. O brasileiro, que disparou a poucos centímetros da então vice-presidente e depois confessou querer matá-la, foi considerado culpado pelo Tribunal pelo crime de tentativa de homicídio agravado pelo uso de arma de fogo. Já Brenda, que era sua mulher e estava presente na noite do ataque fracassado em Recoleta, foi condenada como participante necessária do mesmo crime. O terceiro envolvido, Nicolás Carrizo, sobre quem não pesava nenhuma acusação, foi absolvido pela Corte.
A pena de Sabag Montiel foi unificada com uma condenação anterior de quatro anos e três meses por posse e distribuição de material de abuso sexual infantil. Ele foi condenado a um total de 14 anos de prisão.
O veredicto foi lido pela presidente do Tribunal, Sabrina Namer, que estava acompanhada por seus colegas, os juízes Ignacio Fornori e Adrián Grünberg. Os condenados receberam a sentença sem sobressaltos, cercados por uma escolta que foi reforçada especialmente para a leitura da pena. Isso aconteceu algumas horas depois de os acusados terem proferido suas últimas palavras pela manhã.
Sabag Montiel, o primeiro a falar, apresentou um relato confuso, no qual comparou o caso à morte do promotor Alberto Nisman e sugeriu, indiretamente, que algo poderia acontecer com ele após a condenação. Ele também teceu hipóteses próprias sobre os fatos e disse que o caso foi “montado”.
— Basicamente, o que quero esclarecer é que este caso foi armado. Que plantaram uma arma e que Carrizo quer mudar de defensor quando foi [Gastón] Marano [seu advogado] quem plantou a arma e, basicamente, é uma estratégia que Cristina Kirchner vem usando, assim como se repetiu com o promotor Alberto Nisman — começou. — A mesma estratégia que impuseram a Diego Lagomarsino, usando uma pessoa do círculo de Nisman para confundir e não levantar suspeitas.
Com isso, ele deu a entender que uma pessoa como Nisman não precisava se suicidar e tinha uma arma própria, uma 9 milímetros, que ele poderia ter usado se quisesse.
A juíza o interrompeu e advertiu que ele deveria limitar sua declaração aos fatos investigados neste caso. Sabag Montiel, no entanto, continuou ampliando sua declaração na mesma direção, mencionando em um relato desordenado a juíza María Servini, o promotor Carlos Rívolo − ambos intervieram no processo −, Santiago Maldonado, o resto dos vendedores de algodão-doce, Gerardo Milman − que foi investigado em um caso paralelo − e o presidente do Brasil, Lula da Silva.
— Todos sabemos que [Lula] foi visitar Cristina e pediu expressamente e pessoalmente que ela se encarregasse da minha situação — afirmou. — Chega, não quero mais falar, já disse o necessário.
Uliarte, por sua vez, optou por não falar antes do veredicto.
Carrizo, por outro lado, que ficou preso durante todo o processo, mas teve as acusações contra ele retiradas pela acusação e pela promotoria, referiu-se à sua situação pessoal.
— Acho um pouco injusto que as pessoas sejam presas e tenham que esperar tanto tempo para chegar a um julgamento e só então, a essa pessoa, por assim dizer, digam: ah, bem, você já pode ir embora em liberdade — disse. — Sinto essa impotência, por ter passado esses três anos que ninguém vai me devolver. Só isso.
Os fundamentos da condenação serão divulgados em 9 de dezembro. Os advogados de defesa trabalharão nesses eixos em seus recursos de apelação.