Centrão faz chantagem e pressiona PT e governo vinculando anistia à isenção do IR


Centrão faz chantagem e pressiona PT e governo vinculando anistia à isenção do IR Reprodução

A reunião entre Paulinho da Força (Solidariedade-SP) e a bancada do PT na Câmara, realizada ontem (24), trouxe à tona o embate político em torno de duas pautas quentes da semana: o projeto da anistia, rebatizado como dosimetria, e a proposta de isenção do imposto de renda até R$ 5 mil. Embora protocolar, o encontro serviu para escancarar a estratégia do Centrão de pressionar governo e PT.

Na saída, Paulinho foi direto ao ponto: defendeu que seu projeto seja votado antes da análise da isenção do IR. “Acho que, se não votar isso, não vota nem IR”, afirmou em coletiva, sugerindo que a agenda econômica pode ser contaminada pela falta de acordo sobre a anistia. O recado foi claro para o PT e para o governo, que tentam blindar a pauta econômica do desgaste político causado pelo tema.

O clima da reunião foi descrito como protocolar e sem avanços. Segundo Ana Pimentel (PT-MG), Paulinho apresentou apenas ideias gerais sobre um relatório que teria como objetivo reduzir penas, sem detalhar o conteúdo. “As falas da bancada foram taxativas de que éramos contrários a qualquer redução de penas. Mostramos que, se fosse alterar, teríamos que aumentar e não diminuir. As falas da nossa bancada foram duras e contundentes”, relatou a deputada. Ela reforçou: “Ele não deu nem detalhes do que constará no relatório, não tem texto…”

O Centrão quer votar a anistia antes da isenção do IR. Rogério Correia (PT-MG) relatou que Paulinho pressionou para que a votação da dosimetria estivesse vinculada à pauta do imposto de renda. “Ele deixou claro que, caso o PT mantivesse o voto contrário, não haveria compromisso do Centrão de barrar uma emenda de anistia irrestrita que seria apresentada pelo PL. Uma armadilha já estaria em curso para aprovar a anistia a Bolsonaro”, afirmou Correia.

Para o deputado, a movimentação reforça a desconfiança da bancada, já que o projeto teria origem em figuras como Aécio Neves e Michel Temer. Rogério também afirmou que existe uma chantagem do Centrão ameaçando as medidas compensatórias da isenção do IR.

Além da ameaça sobre o IR, há também a possibilidade de chantagem em relação às medidas compensatórias que sustentam o projeto. Emissários do Centrão fizeram chegar ao PT que não haveria como barrar a isenção do IR, considerada suicida politicamente. Mas o recado foi direto: sem apoio à anistia, a retaliação pode atingir as medidas compensatórias, especialmente a taxação dos super-ricos.

Na prática, o Centrão ameaça travar o mecanismo que garante o equilíbrio fiscal da proposta. Sem ele, o discurso de justiça tributária do governo perde força e abre espaço para críticas sobre irresponsabilidade fiscal.

Em coletiva, Lindbergh Farias, líder do PT, destacou que pautar a dosimetria antes da isenção do IR só tumultua o ambiente político e legislativo. Segundo ele, o texto em discussão reduziria diretamente a pena de Bolsonaro, tornando a posição da bancada inegociável. “Não vamos negociar retrocesso com quem tentou um golpe contra a democracia”, afirmou internamente, reforçando que o partido resistirá a qualquer barganha.

No governo, a preocupação é com o risco de contaminação da pauta econômica. A isenção do IR é prioridade absoluta para o Planalto, tanto pelo impacto político quanto pelo alívio para trabalhadores. Qualquer tentativa de atrelar o debate à anistia é vista como inaceitável, mas a ameaça sobre as compensações fiscais é real. Sem a taxação dos super-ricos, o projeto perde sustentação e pode gerar críticas de irresponsabilidade.

Agora, todas as atenções se voltam para a reunião de líderes convocada por Hugo Motta, que pode confirmar o calendário sugerido por Paulinho: votar a dosimetria no dia 30 e a isenção do IR no dia 1º. Até lá, negociações seguem aceleradas, com o Centrão usando o peso das compensações como carta de pressão. Nos bastidores do Congresso, a avaliação é de que o embate vai se intensificar, pois envolve temas de forte apelo: a punição aos golpistas e a promessa de alívio tributário.




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