Lula volta dos EUA pronto para definir trocas na equipe com Boulos e centrão

O presidente Lula (PT) retorna dos Estados Unidos nesta quinta-feira (25) com pendências a resolver sobre a formação de sua equipe, incluindo possíveis mudanças no Palácio do Planalto e na Esplanada dos Ministérios.
Com a ameaça de saída de indicados do PP e do União Brasil, Lula terá que focar na reorganização de sua equipe de auxiliares, caso a debandada dos dois partidos seja confirmada.
Aliados do petista apostam em uma tentativa de redistribuir esses espaços entre partidos da própria base, incluindo siglas do centrão. Entre os partidos que podem ser beneficiados estão PSD, PDT, PSB e até Republicanos.
De acordo com auxiliares, diferente do período de transição, quando o foco era assegurar governabilidade, agora também conta a construção de alianças regionais de olho em 2026, visando fortalecer a campanha à reeleição.
Por isso, Lula tem enfatizado que não demitirá ministros cujas siglas se aproximaram da direita. Além do apoio no Congresso, ele considera a necessidade de montar palanques estaduais.
O presidente já sinalizou a alguns ministros do centrão que apoiará suas candidaturas locais, mesmo que suas legendas não estejam formalmente em sua coligação no próximo ano. Isso inclui Celso Sabino (Turismo), André Fufuca (Esportes) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) — todos deputados federais licenciados por União Brasil, PP e Republicanos, que planejam disputar o Senado em 2026.
Os três foram nomeados por suas bancadas ao ministério como parte da estratégia do Executivo de melhorar a relação com a Câmara.
Ainda assim, Lula terá de administrar o desembarque anunciado por PP e União Brasil, que estipularam prazo para que "detentores de mandatos" deixem o governo sob risco de expulsão. As duas legendas formalizaram uma federação e vêm se posicionando na oposição ao governo, tentando articular uma aliança em torno de Tarcísio de Freitas (Republicanos) para a disputa presidencial.
Sabino deve se reunir com Lula até esta sexta-feira (26) para entregar o cargo após o União Brasil antecipar sua saída do governo. No último dia 18, a executiva do partido aprovou por unanimidade a decisão, depois de reportagem do ICL (Instituto Conhecimento Liberta) e do UOL revelar acusações de um piloto de que Antonio Rueda, presidente da sigla, seria dono de aviões operados pelo PCC. Rueda nega as acusações.
No dia seguinte, Sabino esteve com Lula no Palácio da Alvorada e avisou que pediria exoneração. O ministro tentava convencer Rueda a recuar da decisão e solicitava mais tempo para permanecer na pasta, sobretudo por conta da proximidade da COP-30, que ocorrerá em Belém (PA) em novembro.
Com domicílio eleitoral no Pará, Sabino pretendia usar o evento internacional para consolidar seu nome na disputa ao Senado em 2026. Procurou apoio entre integrantes do governo e do Congresso para tentar reverter a decisão de Rueda.
Mesmo após a antecipação da saída, aliados do ministro buscaram Rueda para tentar flexibilizar a posição. A proposta seria permitir que Sabino se desligasse formalmente do partido e seguisse no ministério, hipótese considerada pouco provável.
Já Fufuca tenta articular um acordo com o comando do PP para se manter à frente do Esporte até o fim do ano. A proposta em análise é que ele se afaste da legenda temporariamente. Parte do partido avalia que não há motivos para tirá-lo agora, diante das entregas previstas pela pasta, e defende sua permanência até dezembro.
Três dirigentes afirmam que haverá pressão sobre o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), para viabilizar a permanência de Fufuca. Um aliado de Ciro disse não ver razões para que ele se oponha, já que mantém proximidade com o ministro. Além disso, destacou que a postura de Ciro difere da de Rueda, estando mais aberto ao diálogo.
Atento também à disputa eleitoral, Lula busca fortalecer vínculos com a esquerda. Conforme revelou a Folha, o presidente comunicou aliados que Guilherme Boulos (PSOL-SP) deverá ser o novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, substituindo Márcio Macêdo (PT). A pasta é responsável pela ligação com os movimentos sociais.
Um dos objetivos da troca é reanimar a base social, especialmente a juventude. A aposta é também ampliar a atuação nas redes sociais contra a ofensiva bolsonarista. A meta é repetir o crescimento obtido em 2022, quando a campanha de Lula ganhou maior projeção no auge da disputa eleitoral.