Cantora ficou 6 anos na cadeia por extorquir R$ 3 milhões: 'Me arrependi'

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Cantora ficou 6 anos na cadeia por extorquir R$ 3 milhões: 'Me arrependi' Patrícia Ribeiro cumpriu seis anos de prisão em cárcere privado Imagem: Acervo pessoal

Em 2016, a cantora portuguesa Patrícia Ribeiro, 43, deu uma entrevista falando sobre sua carreira. Ela estava no Brasil para gravar um videoclipe. Desde então, sua vida mudou completamente. Condenada por extorsão no fim daquele ano, cumpriu seis anos de prisão em regime fechado. Ela admite o erro e diz que se arrependeu do que fez.

"Sou culpado. Eu arrependi. Pedi perdão publicamente à vítima. Estava precisando de dinheiro, e outra pessoa [que ela não revelou quem é] deu a ideia de extorquir um produtor que era casado e não queria que fotos comprometedoras fossem divulgadas."

Patrícia conta que se deixou levar pela situação e que sempre dizia a si mesma que "seria a última vez". "Eu estava perdido na minha vida, sabe? Comecei a frequentar ambientes noturnos complicados. Consumia muita droga, perdi completamente a cabeça", relata.

A extorsão durou quatro anos, até que a vítima criou coragem para fazer a denúncia. “Acredito que, nesse período, eu e a outra pessoa conseguiram cerca de 500 mil euros (cerca de 3,25 milhões de reais). O homem sofreu de estresse pós-traumático e sem recursos quando saiu da polícia”, conta.

No dia 9 de dezembro de 2016, a polícia bateu à porta da casa de Patrícia com um mandado de busca e apreensão. Ela conta que sofreu um choque e foi presa naquele mesmo dia.

"Estava mal psicologicamente. Comecei a depor, me atrapalhei, quis parar... Depois pedi para continuar, mas as pessoas já estavam irritadas. Fui mandado para a cela. Me senti um lixo. Era uma manipulação. No fim do dia, decretaram minha prisão preventiva."

Ela foi entregue para o sistema prisional ainda à noite e só teve a noção real do que estava acontecendo na manhã seguinte, quando as presas são levadas para o café da manhã. Foi aí que a ficha caiu: "Estava presa".

Havia ainda outro desafio: contar para a avó. "Não tive coragem. Foi uma guarda que contornou por telefone. Foi muito duro. Minha avó é minha melhor amiga. Esteve comigo em todos os momentos, mesmo quando fiz escolhas erradas", diz.

A vida na prisão

Patrícia confirmou que errou. Para sobreviver ao encarceramento, agarrou-se à fé, aos cursos oferecidos e ao trabalho que conseguiu em um escritório de fios elétricos. "Posso dizer que Deus me salvou. Se não tivesse fortalecido minha fé, não estaria aqui para contar essa história", afirma.

Ela também recebeu apoio psicológico. "A profissional foi maravilhosa, me ajudou a enxergar meus defeitos e a entender onde poderia melhorar. É difícil evoluir. Aprendi a me colocar no lugar do outro e a ter consciência dos meus erros", diz.

Mesmo assim, passou por momentos muito difíceis. Se autoflagelou — e carrega as cicatrizes até hoje —, fez greve de fome e viveu situações de tensão, com brigas e suicídios, que eram comuns no ambiente prisional.

"As pessoas acham que a prisão masculina é pior, mas a feminina também tem muitos problemas. Presenciamos agressões, muitos colegas tiraram a própria vida. É um lugar de profunda tristeza, e nem todos têm estrutura psicológica para enfrentar."

Outro período desafiador foi durante a pandemia, quando as detentas ficaram sem visitas. "Imagine quantas presas disputavam o telefone para tentar falar com a família, que, às vezes, nem atendiam por não estar em casa, já que o horário da ligação não era fixo."

Ela acredita em uma vida melhor

A pena de Patrícia foi de oito anos, mas ela conseguiu sair em seis por bom comportamento. Após o período encarcerado, acredita que é possível, sim, a reabilitação de um preso na sociedade.

"Existem ferramentas, como cursos e psicólogos, para que o detento entenda o crime e demonstre mudança. Para mudar, a pessoa precisa estar disposta, criar hábitos, ter rotina, para que, em liberdade, consiga seguir nesse caminho. Claro que também depende da força de vontade de cada um."

Ela afirma que fez amizade na prisão e aprendeu a ter empatia. "Não julgo ninguém pelo que fez. É claro que crimes hediondos são outra história, mas a terapia me ensinou a olhar o outro com mais humanidade", diz.

Assim como no Brasil, a situação das prisões e da Justiça em Portugal é complexa. Os documentos que oficializaram que Patrícia não devia mais nada à Justiça demoraram seis meses para serem emitidos.

Patrícia afirma repetidamente que havia outra pessoa envolvida no crime, que saiu ilesa. Questionada sobre como se sente em relação a isso, diz que não adianta tentar se justificar.

"Cometi um crime, fui julgado e condenado. Na verdade havia outra pessoa, mas estou em paz porque não devo mais nada. Paguei minha dívida com a justiça portuguesa."






















Ela já retomou a carreira e diz que virá ao Brasil em breve para gravar uma música com um cantor nacional — mas não deu spoilers. "Fica no ar", conclui.




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