Lula volta à China em hora de tensão com Trump

Estadão
Lula volta à China em hora de tensão com Trump O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva deve se encontrar com Xi Jinping na viagem à China Foto: Wilton Junior/Estadão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visita a China pela segunda vez em seu atual mandato, fortalecendo laços com o presidente chinês, Xi Jinping, com quem terá sua terceira reunião bilateral de alto nível. A visita insere-se na estratégia de diversificação de parcerias internacionais, impulsionada após o pacto estratégico firmado em 2023 em Brasília. Durante a estadia, os líderes devem anunciar novos investimentos em infraestrutura, saúde e energia, alinhando os projetos do Novo PAC brasileiro à Nova Rota da Seda chinesa.

A relação com a China ganha destaque em meio ao distanciamento com os Estados Unidos sob a gestão de Donald Trump, com quem Lula nunca manteve diálogo. Ambos têm posturas divergentes sobre clima, política internacional e instituições multilaterais. No cenário comercial, a guerra tarifária entre EUA e China, que impôs mais de 100% de tarifas sobre produtos chineses e 10% sobre exportações brasileiras, abre margem para a ampliação dos fluxos comerciais entre Brasil e China.

Durante a visita, Lula participa de encontros com empresários de ambos os países. A missão inclui grandes companhias como Eurofarma, Vale, Raízen, BYD, BRF, GWM, Embrapa e BNDES. Também está previsto um seminário econômico e o encerramento de um fórum com presença de ministros brasileiros como Simone Tebet (Planejamento), Carlos Fávaro (Agricultura), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Silvio Costa Filho (Portos).

Apesar da aproximação com Pequim, o Brasil evitou aderir formalmente à Nova Rota da Seda. O governo brasileiro optou por analisar projetos individualmente, buscando sinergias com o Novo PAC. Setores como indústria naval, óleo e gás, finanças e conectividade estão na mira dos investimentos. Missões técnicas bilaterais têm avaliado corredores bioceânicos estratégicos para reduzir custos logísticos nas exportações para a Ásia.

A visita também busca consolidar acordos pendentes, como a venda de até 20 aviões da Embraer para a China e o envio de um casal de pandas ao Brasil, gesto diplomático tradicional de Pequim. No entanto, o destino e os custos para manter os animais ainda geram debate interno no governo.

Entre os representantes brasileiros na comitiva estão os governadores Rafael Fonteles (Piauí) e Jerônimo Rodrigues (Bahia), além do presidente do Senado, Davi Alcolumbre. O assessor especial da Presidência, Celso Amorim, defende que a China oferece mais oportunidades e menos riscos do que os EUA, criticando a visão transacional de Trump.

Na terça-feira (13), Lula participa como convidado especial do Fórum Ministerial China-Celac, que celebra os 10 anos do mecanismo de cooperação sino-latino-americano. O evento contará com líderes de ao menos 17 países da região e reforça a influência chinesa na América Latina e Caribe — área historicamente dominada pelos Estados Unidos, mas hoje marcada por disputas geopolíticas.

A China tem ampliado sua presença regional com investimentos em portos, ferrovias e infraestrutura, além de pressionar pela ruptura de relações diplomáticas com Taiwan. A ilha, que se considera independente, perdeu apoio de vários países da região em favor de Pequim, que oferece financiamentos e promessas de desenvolvimento em troca do reconhecimento do princípio de “uma China”.

No campo militar, a China realiza exercícios em torno de Taiwan como forma de intimidação, embora analistas avaliem que o objetivo de Xi Jinping seja alcançar a “reunificação” sem conflito. Em 2023, Lula adotou discurso mais próximo da posição chinesa, provocando reação do governo taiwanês.










Por fim, a pauta também inclui a guerra na Ucrânia. Lula e Xi devem discutir suas recentes conversas com Vladimir Putin, ocorridas durante as celebrações da vitória soviética na Segunda Guerra, em Moscou. Brasil e China lideram a proposta de cessar-fogo chamada “Amorim-Wang Yi”, formulada por chanceleres dos dois países e apresentada por um grupo informal denominado “Amigos da Paz”, composto por nações do Sul Global. A iniciativa é bem recebida pela Rússia, mas encontra resistência entre os ucranianos.




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