Relação do Brasil com a China é 'indestrutível', diz Lula a governo chinês

Em visita a Pequim, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva exaltou nesta segunda a revolução que levou os comunistas ao poder na China, e a comparou à vitória eleitoral que garantiu a sua Presidência. Num discurso repleto de elogios à China, o presidente disse que considera a relação bilateral com o país asiático “indestrutível” e voltou a criticar o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
— Se depender do meu governo, Brasil e China serão parceiros incontornáveis. A nossa relação será indestrutível. A China precisa do Brasil e o Brasil precisa da China. Juntos, faremos com que o Sul Global seja respeitado no mundo como nunca foi — disse Lula, sob aplausos de uma plateia formada por empresários brasileiros e chineses.
O presidente veio a Pequim a convite do governo chinês para participar nesta terça do Fórum Celac-China, que reúne todos os países da América Latina e Caribe. Ao longo do dia, Lula recebeu no hotel em que está hospedado vários empresários chineses interessados em investir no Brasil. Foi anunciado durante a visita investimento chinês total de R$ 27 bilhões no Brasil, segundo a Agência Brasileira de Promoção de Exportaçõs e Investimentos (ApexBrasil).
Entre outros, estão a instalação de fábricas da empresa de semicondutores Longsys em São Paulo e Manaus, com investimento de R$ 650 milhões; expansão da presença no Brasil da montadora GWM, com investimento de R$ 6 bilhões; Meituan, plataforma chinesa de entregas em domicílio, investirá R$ 5 bilhões para entrar no mercado brasileiro por meio do aplicativo Keeta; e a Mixue, maior rede chinesa de bebidas, com mais de 45 mil lojas no país, vai iniciar operação no Brasil, com investimento de R$ 3,2 bilhões até 2030.
O presidente Lula fechou o seminário empresarial organizado pela ApexBrasil nesta segunda em Pequim em tom de exaltação à relação do Brasil com a China. No calor do discurso, ele fez um paralelo entre a chegada ao poder dos comunistas na China e as vitórias eleitorais que o levaram à Presidência. A semelhança, segundo Lula, é o foco de ambos nas conquistas sociais.
— A única razão que eu acredito que valeu a pena a revolução chinesa de 1949 e o que valeu as nossas eleições no Brasil é provar que todo governo tem compromissos sociais e não esquece as origens daqueles que chegaram ao poder e querem governar para todos — disse.
Assim como havia feito em Moscou, onde esteve antes de vir para a China, Lula também criticou a guerra comercial lançada pelo governo do presidente americano, Donald Trump. A boa política comercial “é um jogo de ganha-ganha, não é um jogo de perde-perde”, afirmou o presidente, acrescentando que a aproximação entre o Brasil e a China reforça a defesa do livre comércio e do multilateralismo.
— Eu não me conformo com a chamada taxação que o presidente dos Estados Unidos tentou impor ao planeta terra do dia para a noite. Porque o multilateralismo, depois da Segunda Guerra Mundial, foi o que garantiu todos esses anos de harmonia entre os Estados. O protecionismo no comércio pode levar à guerra, como aconteceu tantas vezes na história da humanidade — afirmou. — A China tem sido tratada, muitas vezes, como se fosse uma inimiga do comércio mundial quando, na verdade, a China está se comportando como um exemplo de país que está tentando fazer negócios com os países que foram esquecidos nos últimos 30 anos por muitos outros países.