Leite sela ida ao PSD e debandada do PSDB no Sul vira movimento em cadeia

Antes de formalizar sua filiação ao PSD na tarde desta sexta-feira, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, convocou seu grupo político para um encontro decisivo que definiu seu futuro partidário. Na reunião realizada na noite de quarta-feira, ele solicitou o apoio de cerca de 30 prefeitos tucanos de sua base, encorajando-os a acompanhá-lo na mudança para o novo partido.
A saída de Leite simboliza não apenas a perda de um nome significativo, mas também o iminente esvaziamento do PSDB no Rio Grande do Sul, um dos últimos bastiões de influência da sigla no Brasil. Essa movimentação reflete o que aconteceu em Pernambuco, onde a desfiliação da governadora Raquel Lyra resultou em uma saída em bloco de prefeitos que a seguiram para o PSD.
Atualmente, o único governador tucano que permanece é Eduardo Riedel, do Mato Grosso do Sul. Juntos, esses três estados foram responsáveis pelos últimos grandes bastiões do PSDB, que, em 2024, elegeu 35 prefeitos no Rio Grande do Sul, 32 em Pernambuco e 44 no Mato Grosso do Sul. Em abril, 30 dos 32 prefeitos tucanos de Pernambuco mudaram de partido.
No mês passado, em uma entrevista à Rádio Cultura, o vice-prefeito de Erechim, Flávio Tirello (PSDB), previu que todos os tucanos seguiriam Eduardo Leite, caso ele decidisse trocar de partido.
— É importante salientar que é um movimento coletivo, de todo o PSDB gaúcho e de todas as nossas lideranças. A única brincadeira é que nosso presidente municipal, Wallace Soares, diz que vai ficar só para apagar a luz e fechar a porta. Na hora que fizermos um movimento de saída, faremos todos juntos.
Leite hesitou em oficializar sua saída enquanto aguardava uma posição definida da direção nacional do PSDB. O presidente do partido, Marconi Perillo, chegou a oferecer ao governador uma possível candidatura à Presidência como estratégia para mantê-lo na sigla. Contudo, essa proposta não foi suficiente para convencê-lo. O PSDB enfrenta uma perda de relevância no cenário nacional, enquanto o PSD pode oferecer melhores condições financeiras para as eleições do próximo ano.
Embora publicamente mantenha a narrativa de um projeto presidencial, a expectativa nos bastidores é que Leite concorra ao Senado em 2026. Ele participou das prévias tucanas para a Presidência em 2021 e continua em busca de um papel de destaque nacional. Entretanto, o PSD já está considerando outros candidatos para o Palácio do Planalto, como apoiar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ou lançar Ratinho Júnior do Paraná.
Recentemente, Ratinho visitou o Rio Grande do Sul e teve uma conversa com Leite. De acordo com aliados, o governador gaúcho indicou que não se oporia a não liderar a chapa e ofereceu sua colaboração no projeto nacional do partido.