Lula diz que não fará mais acordo com a UE se europeus adiarem votação
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no Palácio do Planalto • Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (17) que o governo brasileiro deixará de apoiar o acordo entre o Mercosul e a União Europeia caso o tratado não receba aval dos europeus a tempo da assinatura prevista para este sábado (20), em Foz do Iguaçu.
— Estou agora sabendo que eles [europeus] não vão conseguir aprovar [no Conselho Europeu] — disse Lula, durante reunião ministerial.
O presidente foi ainda mais direto ao comentar a possibilidade de novo adiamento:
— Se a gente não fizer agora, o Brasil não fará mais acordo enquanto eu for presidente. É bom saber: fazem 26 anos que a gente espera esse acordo. É mais favorável para eles [europeus] do que para nós.
Resistência europeia
Nesta quarta-feira, a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, afirmou que seria “prematuro” a União Europeia assinar o acordo comercial com o Mercosul neste momento e declarou que não dará seu aval na votação programada para ocorrer nesta quinta (18) ou sexta-feira (19).
A posição da líder italiana coloca em risco a aprovação do tratado no âmbito europeu, etapa considerada essencial para que a assinatura possa ocorrer em Foz do Iguaçu.
O que está em análise
O que está em jogo neste momento é a parte comercial do acordo, que será analisada pelo Conselho Europeu. Essa etapa foi separada neste ano dos demais componentes do tratado como estratégia para contornar a exigência de aprovação individual nos Parlamentos dos 27 países-membros da União Europeia.
Sem o aval do Conselho, a assinatura do acordo neste sábado fica comprometida, ampliando a possibilidade de mais um adiamento em uma negociação que se arrasta há mais de duas décadas.