Mabel propõe usar rede de esgoto para passagem de cabos de telecomunicação
reprodução O prefeito Sandro Mabel (UB) levantou a possibilidade de instalar fios de telecomunicação em conjunto com as tubulações de esgoto. Durante o lançamento do programa Cidade Segura, nesta quarta-feira, 22, ele afirmou ter solicitado à Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra) que avalie a viabilidade da proposta. Além disso, Mabel defendeu a criação de uma parceria com a Saneamento de Goiás S.A. (Saneago) para viabilizar a implementação.
“Em vez da fiação ser aérea, os fios de telecomunicação passariam dentro de uma tubulação de esgoto. Deve haver uma forma de fixação nos tubos, com uma parceria junto à Saneago. Por isso, eu mandei minha equipe verificar como isso funcionaria porque pode ser uma solução para evitar fios pendurados”, afirmou o prefeito, em entrevista ao Jornal Opção.
Ao mesmo tempo, Mabel também descartou qualquer possibilidade de aterramento de fios elétricos ou de telecomunicação. “Enterrar os cabos é muito caro, e não conseguimos fazer sem causar uma bagunça danada na cidade. Entendo que precisamos encontrar uma solução, e esta de passar os fios pela tubulação de esgoto pode ser uma boa alternativa”, explicou.
Para o presidente da Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas (ABEE), Petersonn Caparrosa, a ideia é possível, embora seja pioneira em Goiás e até mesmo no Brasil. “A proposta do prefeito tem fundamento e é uma iniciativa que já existe em várias partes do mundo. Aqui no Brasil, a Sanepar – empresa de saneamento do estado do Paraná – está estudando, por meio de uma parceria com um projeto estratégico, a possibilidade de utilizar a estrutura da sua rede para a passagem de cabos de fibra óptica”, pontuou.
Segundo o especialista entrevistado pelo Jornal Opção, a medida faz parte de uma tendência de compartilhamento de infraestrutura. No entanto, ainda é necessário avaliar o caso específico de Goiânia e a viabilidade financeira da proposta. Ele ressalta que o projeto no Paraná ainda está em fase piloto e que seria necessário contar com uma estrutura adequada para garantir a proteção dos cabos.
“Tecnicamente, é possível fazer, mas a necessidade deve ser avaliada caso a caso. É preciso fazer um diagnóstico da situação, porque isso deve ser discutido em parceria com a Saneago para verificar a viabilidade da proposta. Se houver impedimentos técnicos em determinadas situações, será necessário buscar caminhos alternativos. O que pode ser feito, por exemplo: nas áreas onde forem construídas novas redes de esgoto, já se pode contemplar a passagem desses cabos. Agora, onde a rede já existe, será preciso estudar ponto a ponto”, explicou o presidente da ABEE.
O especialista também ressaltou que não é possível comparar o plano de Mabel com as alternativas de aterramento de fios em termos de viabilidade financeira. Devido à proposta ser pioneira, faltam dados precisos para esse tipo de comparação no país. “É necessário analisar o projeto de engenharia e o estudo financeiro para avaliar se esse empreendimento realmente compensaria”, destacou.
Atualmente, existem algumas alternativas para instalar cabos de fibra óptica dentro dos dutos de esgoto. Um exemplo é a técnica conhecida no setor como “sewer-based fiber deployment”, ou, em português, “instalação de fibra óptica via rede de esgoto”. Essa abordagem visa reduzir custos e minimizar os impactos urbanos. A modalidade já é utilizada em países como Japão, França, Inglaterra, Estados Unidos e Alemanha.
Cidade Segura
Durante o lançamento do programa que faz parte do plano de reordenamento da infraestrutura aérea, o presidente da Agência de Regulação de Goiânia (AR), Hudson Novais, revelou os primeiros locais que serão atendidos pelo Cidade Segura. Segundo ele, o programa terá início oficial nesta quinta-feira, 23, às 7h, na Avenida 85, no Setor Marista. Antes disso, a Avenida 24 de Outubro, em Campinas, foi utilizada como área de teste, na terça-feira, 21, para a realização dos primeiros trabalhos.
“Estamos finalizando o levantamento das avenidas que estamos selecionando, organizando-as por ordem de prioridade. Entre elas estão a Avenida Anhanguera, Rua 90, Avenida Padre Wendel, Avenida Mangalô, além de outras vias da capital. Pretendemos divulgar a lista completa das próximas ruas atendidas entre segunda e terça-feira da próxima semana”, afirmou Novais.
Segundo o prefeito, o programa não atuará de forma setorizada, bairro por bairro, mas contará com várias equipes distribuídas para realizar os serviços nas principais vias da capital. “Estamos recebendo denúncias por meio do aplicativo da AR e, com base nessas informações, direcionamos as equipes conforme a predominância de cada companhia nos bairros. Para se ter uma ideia, entramos com 20 equipes na Avenida 24 de Outubro e realizamos toda a limpeza da via”, afirmou Mabel.
Segundo o prefeito, a limpeza na Avenida 24 de Outubro teve caráter emergencial e também serviu como teste para o programa. “Como vai acontecer o desfile e a festa no local, tivemos receio de não dar tempo, então antecipamos os trabalhos ali. Mas amanhã começamos oficialmente na Avenida 85 e, a partir daí, várias equipes atuarão simultaneamente em diversos bairros. Nosso objetivo é realizar um reordenamento completo da cidade em relação à fiação, que está em uma situação absurda”, destacou.
Fiscalização
O prefeito também ressaltou que pretende manter uma fiscalização rigorosa após a limpeza dos fios soltos. Mabel explicou que não deseja o retorno dos cabos irregulares após a execução do programa, mas que a medida seja permanente. Ele garantiu que os fios serão identificados e prometeu uma ação firme contra as empresas clandestinas: “Não compre internet de companhia clandestina porque você vai ficar sem o serviço. Companhia clandestina não vai operar aqui em Goiânia. Vamos pegar pesado com isso”.
Mabel também garantiu que pretende bloquear a operação de empresas, caso considere que as multas e notificações estejam sendo ineficazes. Ao mesmo tempo, afirmou que pretende enviar projetos de lei e buscar parceria com os vereadores da Câmara Municipal de Goiânia para enfrentar o problema. Vale ressaltar que o Legislativo goianiense também está preparando a instalação de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para apurar a situação dos fios soltos na cidade.
“A melhor medida é bloquear a operação”, defendeu o prefeito. “Emitimos mais de 370 multas, cada uma no valor de R$ 20 mil, e, mesmo assim, não deram a menor importância. Então, não adianta apenas aplicar multa – é preciso deixar claro: não vai operar mais. Vamos suspender o licenciamento de quem não cumprir as regras para atuar em Goiânia”, finalizou o chefe do Executivo municipal.
O prefeito também salientou sobre a criação do Programa Internet Legal, que servirá para informar quais são as empresas de internet regularizadas em Goiânia. Segundo ele, a ação consiste em um selo municipal que reconhecerá companhias que seguem as normas e atuam de forma responsável.
Mabel ainda anunciou que está em desenvolvimento um aplicativo com geolocalização para que os cidadãos possam registrar denúncias de fios irregulares pelo celular. A ferramenta prevê o envio de fotos com localização exata da situação. Até a finalização do aplicativo, as denúncias podem ser enviadas por mensagem para o número (62) 3524-1075, da AR de Goiânia, ou comunicadas à Equatorial pelo telefone 0800 062 0196.


