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Estado de Goiás,18/10/2025

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    Mortes por calor extremo vão dobrar na América Latina nas próximas décadas, projeta estudo

    Folha de S. Paulo
    Mortes por calor extremo vão dobrar na América Latina nas próximas décadas, projeta estudo Mulher se protege do sol com um leque durante uma onda de calor em Santiago, capital do Chile - Jorge Villegas - 31.jan.24/Xinhua

    A proporção de mortes causadas pelo calor extremo na América Latina deve mais que dobrar, passando de 0,87% para 2,06% do total entre 2045 e 2054. A conclusão é de um estudo que integra o projeto Mudanças Climáticas e Saúde Urbana na América Latina (Salurbal-Clima), com resultados publicados na revista Environment International. Com a mudança no clima, as ondas de frio mais intensas devem diminuir em alguns países nas próximas décadas, e a tendência é que os óbitos por frio também caiam.

    O trabalho reúne pesquisadores de instituições de nove países latino-americanos, incluindo a USP (Universidade de São Paulo) e a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), além de participação dos Estados Unidos. Foram analisados dados de mortalidade e projeções climáticas em 326 cidades da Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, México, Panamá e Peru, escolhidas por terem mais de 100 mil habitantes. "Fizemos um corte e escolhemos todas com mais de 100 mil habitantes. Nas muito pequenas é mais difícil de trabalhar: tem menos gente, você vai ter menos mortes e eventos, o que é ruim do ponto de vista estatístico", explica o professor Nelson Gouveia, da USP.

    O estudo combinou contagens diárias de mortalidade, dados de temperatura, simulações de temperaturas corrigidas e dados demográficos. Foram projetados os impactos da temperatura-mortalidade em dois cenários de mudança climática, considerando mudanças na população, estrutura etária e taxas de mortalidade específicas por idade. Segundo Gouveia, é possível estimar hoje para cada grau de aumento da temperatura o impacto na população. Para o futuro, os pesquisadores usaram dados do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) para estabelecer cenários de emissões de gases de efeito estufa, projetando que a mortalidade pode dobrar até 2054, mesmo no cenário de emissões mais moderadas.

    A análise das 152 cidades brasileiras — incluindo São Paulo e Rio de Janeiro — utilizou dados do SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade), DataSUS e do Censo Demográfico do IBGE de 2010. Embora o estudo não forneça recortes por cidade ou grupo populacional, indica que áreas urbanas densamente povoadas enfrentarão maiores riscos. Além disso, os mais pobres sofrerão impactos mais severos: quem vive em áreas periféricas, em moradias precárias e sem acesso a ar-condicionado ou espaços verdes terá mais dificuldade para enfrentar ondas de calor cada vez mais intensas, configurando uma situação de injustiça climática.

    O calor extremo aumenta o risco de infartos, insuficiência cardíaca e outras complicações, especialmente entre idosos e crianças. "Quanto mais conseguirmos diminuir a emissão de gases de efeito estufa, menor será o impacto climático. A perspectiva no futuro pode ser melhor, mas é preciso um esforço bastante grande e imediato. Não dá para esperar mais", alerta Gouveia.




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