Com dois meses para o fim do ano, governo corre contra o tempo para fechar as contas de 2025 e 2026

Após a derrota na Câmara, com a derrubada da medida provisória nº 1303 e a perda de R$ 35 bilhões, a equipe econômica corre contra o tempo para ajustar as contas de 2025 e garantir novas fontes de receita. Nesta terça-feira (14), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, passou a manhã na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado explicando a importância da proposta que isenta do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil.
Haddad também acertou com o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), uma reunião para a manhã desta quarta-feira, a fim de discutir o encaminhamento da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias). A votação, que estava prevista para esta terça, foi adiada com o aval do governo, que busca ganhar tempo para abrir espaço no orçamento do próximo ano. Nesse meio tempo, o Planalto deve apresentar uma alternativa à MP que perdeu validade.
O ministro pretendia se reunir com Alcolumbre ainda na noite de terça, quando começaram a circular rumores sobre uma possível mudança na meta fiscal de 2026 — hipótese que ele negou. “Não, cada cenário tem uma consequência. Eu preciso explicar para ele [Davi Alcolumbre] quais vão ser as consequências de cá”, afirmou Haddad ao ser questionado sobre o assunto.
Para esta quarta, também está previsto um encontro entre Haddad e o presidente Lula para discutir alternativas que possam reforçar a arrecadação. O prazo é apertado, e o governo precisa costurar uma solução com o Congresso.
Sobre o projeto do Imposto de Renda, o Planalto espera que o clima tenso entre o relator no Senado, Renan Calheiros, e o deputado Arthur Lira (PP-AL), relator na Câmara, não contamine as discussões. A expectativa é que Renan conclua o relatório até o fim de outubro, após quatro audiências públicas — sendo a de Haddad a primeira.
A tendência é que Renan promova ajustes no texto, retirando pontos incluídos por Lira, como a taxação de rendimentos de LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) e LCI (Letra de Crédito Imobiliário). O senador considera esse trecho um “jabuti” e quer aproximar a proposta do formato original do governo, centrada na isenção dos mais pobres e na cobrança sobre os mais ricos.
Como Renan se comprometeu a fazer apenas mudanças pontuais, para evitar o retorno do projeto à Câmara, dificilmente haverá espaço para revisar decisões sobre lucros e dividendos. O governo espera que ele mantenha esse compromisso e evite nova tramitação na Casa Baixa.