O governo federal assinou nesta segunda-feira (7) um memorando de entendimento com a China para impulsionar o projeto do corredor ferroviário bioceânico que ligará o Acre ao Porto de Chancay, no Peru. O acordo estabelece a continuidade das pesquisas para viabilizar essa importante ligação multimodal entre os dois países.

A parceria foi formalizada entre a Infra S.A., vinculada ao Ministério dos Transportes, e a estatal chinesa China Railway Economic and Planning Research Institute, que ficará responsável por elaborar estudos aprofundados sobre a malha ferroviária brasileira. O objetivo é integrar o sistema ferroviário aos demais modais de transporte do país, considerando rodovias, hidrovias, portos e aeroportos, além das obras e projetos já em andamento.

Segundo o Ministério dos Transportes, a ferrovia bi-oceânica conectará o Porto de Chancay, no Peru — infraestrutura construída pela China — até a cidade de Rio Branco, no Acre. O trajeto abrangerá os estados do Acre, Rondônia e Mato Grosso, formando um corredor estratégico que unirá os oceanos Atlântico e Pacífico.

“O eixo analisado poderá se tornar a espinha dorsal de uma nova rota bioceânica, reposicionando o Brasil no comércio internacional e trazendo vantagens para as exportações à Ásia”, destacou o ministério.

Rotas integradoras para a América do Sul

O projeto do corredor ferroviário faz parte de um conjunto maior de cinco rotas que conectam o Brasil aos países vizinhos, fortalecendo a integração regional:

• Rota 1 – Ilha das Guianas: inclui os estados do Amapá, Pará e Roraima, com conexão à Guiana Francesa, Suriname, Guiana e Venezuela.
• Rota 2 – Amazônica: integra o Amazonas aos vizinhos Colômbia, Equador e Peru.
• Rota 3 – Quadrante Rondon: abrange Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre, conectando-se com Bolívia, Peru e Chile.
• Rota 4 – Bioceânica de Capricórnio: une Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Santa Catarina ao Paraguai, Argentina e Chile.
• Rota 5 – Bioceânica do Sul: conecta Rio Grande do Sul ao Uruguai, Argentina e Chile.

Parceria estratégica entre Brasil e China

O corredor ferroviário é um dos quatro eixos estratégicos definidos durante o acordo Brasil-China, firmado em novembro do ano passado entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping. O tema foi reafirmado na recente visita oficial de Lula a Pequim.

Na ocasião, Lula ressaltou que o apoio chinês é “decisivo para tirar do papel rodovias, ferrovias, portos e linhas de transmissão”, destacando ainda que “a viabilidade econômica desses projetos depende da capacidade de coordenação de nossos países para conferir a essas iniciativas escala regional”.

Além do projeto ferroviário, o acordo bilateral abrange o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), a Nova Indústria Brasil (NIB) e o Plano de Transformação Ecológica, fortalecendo a cooperação em diversas áreas para o desenvolvimento sustentável da região.