Trump : “Deixem Bolsonaro em paz!” e diz que processo no STF é 'caça às bruxas'

O presidente dos EUA, Donald Trump, apoio o ex-presidente Jair Bolsonaro em uma publicação na sua rede social, Truth Social, nesta segunda-feira. Na mensagem, Trump afirmou que o Brasil está "fazendo uma coisa terrível" contra o ex-presidente e que tem acompanhado a "caça de bruxas contra ele". O ex-presidente do Brasil foi considerado inelegível em 2023 por ordem do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e enfrenta processos no Supremo Tribunal Federal (STF) por sua participação na conspiração golpista.
"Ele não tem culpa de nada, exceto de ter lutado pelo POVO. Conheci Jair Bolsonaro e ele era um líder forte, que realmente amava seu país — além de um negociador muito duro em questões COMERCIAIS. Sua eleição foi muito apertada e agora ele está liderando nas pesquisas. Isso nada mais é do que um ataque a um oponente político, algo que eu sei muito bem! Aconteceu comigo dez vezes", disse Trump.
O presidente dos Estados Unidos também declarou que estará monitorando de perto a "caça às bruxas contra Bolsonaro, sua família e milhares de seus apoiadores" e acrescentou que "o único julgamento que deveria estar acontecendo no momento é o julgamento pelos eleitores do Brasil, que se chama eleição". "Deixem Bolsonaro em paz", declara na publicação.
Em 2023, Bolsonaro foi considerado inelegível pelo TSE, sendo condenado por abuso de poder político e utilização inadequada dos meios de comunicação ao criticar, sem evidências, as urnas eletrônicas nas eleições de 2022. Além disso, o ex-presidente brasileiro enfrenta julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) por sua suposta participação em um plano golpista, respondendo por crimes como organização criminosa armada, tentativa de derrubada violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado mediante violência e ameaça grave, e deterioração de patrimônio protegido.
A publicação da defesa de Bolsonaro por Trump ocorreu logo após críticas do presidente americano aos países que fazem parte do Brics, os quais se reuniram no Rio de Janeiro durante o último final de semana.
"Qualquer país que se aliar às políticas antiamericanas dos Brics será cobrado com uma tarifa adicional de 10%. Não haverá exceções a essa política", escreveu o americano nas redes sociais. A declaração final da cúpula, divulgada ontem, condena a “imposição de medidas coercitivas unilaterais contrárias ao direito internacional” e cite suas “implicações negativas”.
O documento, entretanto, não menciona diretamente a Casa Branca e seu aumento de tarifas, enquanto a maioria dos países busca renegociar novas condições com Washington ou, pelo menos, postergar o máximo possível as medidas contra suas importações.
Reação de Eduardo Bolsonaro
Em resposta à notícia, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) declarou a aliados que essa foi a "primeira de outras ações que virão". O parlamentar está afastado de seu cargo na Câmara desde março deste ano e reside nos Estados Unidos com família. Fora do Brasil, ele tem procurado articular sanções do governo americano contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
A mais recente indicação nesse sentido ocorreu em maio, quando o chefe do Departamento de Estado americano, Marco Rubio, mencionou haver uma "grande possibilidade" de o governo americano aplicar sanções contra Moraes. A afirmação foi feita durante seu depoimento na Comissão de Relações Exteriores do Congresso, quando foi questionado pelo deputado americano Cory Mills sobre a possibilidade de uma “prisão política de Bolsonaro”.
Naquele momento, foram abordadas as "sanções Magnitsky", em alusão a uma lei criada durante o governo Barack Obama (2009-2017) que autoriza punições a autoridades estrangeiras que violam direitos humanos. As sanções poderiam incluir congelamento de bens, bloqueio de cartões de crédito e suspensão de redes sociais de Moraes, caso as medidas sejam realmente implementadas.
Na semana seguinte, Rubio declarou que o país começaria a limitar a emissão de vistos para funcionários estrangeiros e indivíduos que colaboram na censura de americanos. Em uma postagem no X, ele afirmou que “americanos foram multados, assediados e acusados por autoridades estrangeiras por exercerem seus direitos de liberdade de expressão” e, portanto, essas pessoas “não deveriam ter o privilégio de viajar para o país”.
O secretário de Estado, entretanto, não se referiu diretamente ao juiz brasileiro, nem revelou quem seriam os destinatários da ação, tampouco quando as medidas começariam a valer.