Governo libera R$ 2,5 bilhões em emendas após nova tensão com o Congresso

Após mais uma semana de tensão entre o Planalto e o Congresso Nacional, o governo federal liberou R$ 2,5 bilhões em emendas parlamentares impositivas, elevando o total empenhado em 2025 para R$ 5,6 bilhões.
🔍 Emendas parlamentares são verbas previstas no Orçamento da União. O governo libera esses recursos para deputados e senadores destinarem a obras e ações em seus estados. Emendas impositivas são aquelas que, por lei, o governo é obrigado a pagar.
Os dados estão no Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (Siop), do Ministério do Planejamento e Orçamento, atualizados até quinta-feira (3).
Em 2025, os parlamentares têm R$ 50 bilhões disponíveis em emendas. Até agora, 11,1% foram empenhados, mas apenas 3% foram efetivamente pagos. Restam ainda R$ 41,6 bilhões a serem executados.
Empenhadas: valores reservados para execução
Liquidadas: autorizadas para pagamento
Pagas: valores que saíram dos cofres públicos
Centrão lidera recebimento
Os partidos do Centrão concentraram a maior parte das liberações da semana: R$ 1,4 bilhão (56%). No entanto, o partido que mais recebeu foi o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, com R$ 410 milhões na semana e R$ 930 milhões no acumulado do ano — quase um terço a mais que o PT, partido do presidente Lula.
A maior parte dos recursos liberados corresponde a emendas individuais impositivas. Não houve liberação de emendas de comissão, que seguem sendo contestadas no STF por falta de transparência.
Números gerais
Das 8.555 emendas apresentadas:
1.945 foram empenhadas
648 liquidadas
573 pagas
Na semana, 435 emendas foram liberadas e 81 pagas.
Valores médios:
Emendas liberadas: R$ 5,7 milhões
Emendas pagas: R$ 7,9 milhões
Parlamentares que mais receberam na semana
Deputados:
Misael Varella (PSD-MG): R$ 20 milhões
Saullo Vianna (União-AM): R$ 19 milhões
Weliton Prado (Solidariedade-MG): R$ 18,5 milhões
Senadores:
Jorge Kajuru (PSB-GO): R$ 29,4 milhões
Damares Alves (Republicanos-DF): R$ 20,4 milhões
Rodrigo Cunha (Solidariedade-AL): R$ 19,5 milhões
Maiores valores pagos no ano:
Eduardo Braga (MDB-AM): R$ 39,5 milhões (R$ 15 milhões só nesta semana)
Omar Aziz (PSD-AM): R$ 23,8 milhões
Davi Alcolumbre (União-AP): R$ 23,5 milhões
Crise do IOF
A liberação ocorre após o agravamento da crise entre o Congresso e o governo, iniciada com a derrubada do decreto do presidente Lula que aumentava o IOF sobre algumas operações financeiras. Parlamentares criticaram a medida e a falta de diálogo prévio.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, classificou a decisão como unilateral:
“Poderiam ter buscado o diálogo. Fizeram uma decisão unilateral”, afirmou.
A reação do governo, que recorreu ao STF, também gerou desgaste. Em plenário, Alcolumbre reagiu:
“Hoje todo mundo pode acessar e questionar qualquer coisa no Supremo. Isso é um problema seríssimo.”