A declaração do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ontem na Avenida Paulista, gerou irritação entre lideranças do bolsonarismo, que perceberam seu discurso como tendo uma linguagem muito mais alinhada ao centro do que em defesa do ex-presidente, que é réu no Supremo Tribunal Federal.

Antes do evento, pessoas próximas a Jair Bolsonaro (PL) comentavam que a expectativa era de que ele fizesse críticas contundentes ao Supremo e atacasse especificamente o ministro Alexandre de Moraes.

Entretanto, Tarcísio elogiou Bolsonaro, criticou o governo Lula e o PT, mas não mencionou o STF.

Essa postura foi interpretada como a de um "presidenciável da direita", conforme define uma liderança do bolsonarismo: o governador utilizou pautas que atraem votos dos eleitores do ex-presidente, como atacar Lula e o PT.

O problema, segundo a fonte, é que Tarcísio não defendeu a pauta mais crucial para Jair Bolsonaro, que é a condução dos processos relacionados ao 8 de janeiro no STF. Bolsonaro é réu, e a expectativa no cenário político é que ele seja condenado ainda em 2025.

Tarcísio é considerado o nome do centrão para concorrer à presidência em 2026. No entanto, ele ainda não se consolidou como o candidato que será apoiado pela família Bolsonaro, justamente pela falta de comprometimento no enfrentamento ao Supremo.

Para uma parte do bolsonarismo, alguns aliados ficam vulneráveis na luta contra o Tribunal, enquanto Tarcísio, que é o governador mais forte do país, se mantém afastado de conflitos, aproveitando apenas o nome de Bolsonaro para atrair o eleitorado da direita.