Censo 2022 mostra queda na fecundidade no Brasil e revela novos padrões de maternidade

O GLOBO
Censo 2022 mostra queda na fecundidade no Brasil e revela novos padrões de maternidade reprodução

Dados do Censo de 2022, divulgados pelo IBGE, confirmam a contínua queda na taxa de fecundidade no Brasil. A média de filhos por mulher caiu de 1,9 em 2010 para 1,6, um índice inferior ao de países como Estados Unidos (1,7) e França (1,8).

O recuo na fecundidade é geral, mas não uniforme: mulheres negras e evangélicas ainda têm filhos mais cedo e em maior número. Já entre as mulheres mais velhas, a maternidade aumentou — na faixa dos 40 a 44 anos, a taxa subiu de 3,5% para 5,2%.

A Região Norte, historicamente com os maiores índices de fecundidade, também registrou queda: de 2,47 para 1,89. Em comparação, em 1960, o país tinha média de 6,28 filhos por mulher, e o Norte chegava a 8,56.

A idade média das mães também aumentou: de 26,3 anos em 2000 para 28,1 em 2022. Sul e Sudeste têm as maiores médias (28,7), mas o Centro-Oeste teve o maior avanço proporcional. A maternidade entre adolescentes caiu: de 15,6% para 11,4% entre meninas de 15 a 19 anos.

Para o demógrafo José Eustáquio Alves, a redução entre adolescentes é um “avanço importante”, pois muitas dessas gestações eram indesejadas, ligadas à violência sexual ou à falta de políticas públicas. Ele destaca que menos filhos facilitam o acesso à educação e ao mercado de trabalho, tanto para as mães quanto para as crianças.

O número de mulheres sem filhos também cresceu: 16,1% das brasileiras entre 50 e 59 anos nunca tiveram filhos, contra 10% no ano 2000.

Segundo Júlia Amin, doutoranda da UFRJ, a queda na fecundidade também reflete a ausência de políticas de apoio à maternidade. Fatores como falta de creches, escolas de qualidade e licenças parentais estendidas dificultam a decisão de ter filhos.

O Brasil já está abaixo da taxa de reposição populacional (2,1 filhos por mulher), o que pode levar à redução da população no futuro, com impactos na Previdência e no mercado de trabalho. Apesar disso, Alves argumenta que a queda populacional não impede o crescimento econômico, citando China e Polônia como exemplos.

As transformações são influenciadas por escolarização feminina, acesso a métodos contraceptivos, inserção no mercado de trabalho e novos projetos de vida. O custo de vida e a busca por estabilidade também contribuem.

O levantamento do IBGE incluiu mulheres a partir de 12 anos e considerou filhos nascidos vivos até 31 de julho de 2022.

Desigualdades raciais e religiosas

A fecundidade varia entre grupos: mulheres brancas têm, em média, 1,4 filho; pardas, 1,7; e pretas, 1,6. A idade média da maternidade também é menor entre negras (27,6 e 27,8 anos) do que entre brancas (29). Mulheres indígenas têm a maior taxa: 2,8 filhos por mulher.

Brancas representam 41,7% da população feminina de 15 a 49 anos, mas apenas 36,1% dos nascimentos. Já as pardas, 46,8% da população, concentram 51,6% dos nascimentos.

Entre religiões, evangélicas têm a maior taxa (1,7 filho), seguidas por católicas e mulheres sem religião (1,5). Espíritas têm o menor índice: 1 filho por mulher.















A diretora escolar Luci Souza, de 56 anos, mãe de quatro filhos e evangélica, resume sua motivação com um trecho bíblico: “Crescei e multiplicai-vos”. Para ela, a maternidade tem também um significado espiritual.




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