Mãe de médico envenenou professora por 15 dias até dose fatal

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) denunciou nesta terça-feira (1º) o médico Luiz Antônio Garnica e sua mãe, Elizabete Arrabaça, pelo assassinato da professora de pilates Larissa Rodrigues, ocorrido em 21 de março deste ano, em Ribeirão Preto (SP). O crime, que chocou a cidade, teria sido premeditado e executado com uso de veneno durante cerca de duas semanas, período em que a vítima foi intoxicada aos poucos, sem saber que era alvo de um plano familiar.
Segundo as investigações, Garnica idealizou o homicídio, motivado por razões patrimoniais, após Larissa descobrir uma traição e manifestar o desejo de se divorciar. Coube a Elizabete, segundo a denúncia, a tarefa de administrar os alimentos contaminados com chumbinho, um veneno altamente tóxico.
“Os denunciados demonstraram extrema frieza. Utilizaram meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima e dissimulação”, destacou o promotor de Justiça Marcus Túlio Nicolino na peça acusatória.
Além da execução do envenenamento, Garnica também é acusado de fraude processual. Após a morte da esposa, ele teria tentado apagar vestígios, limpando a cena do crime e eliminando arquivos digitais. Também teria usado o cartão e o aplicativo bancário da vítima para realizar transações financeiras, evidenciando, segundo o MP, a intenção de se apropriar dos bens de Larissa.
A denúncia foi feita com base em feminicídio triplamente qualificado:
- Uso de veneno
- Motivo torpe (disputa patrimonial)
- Morte cruel com dissimulação e impedimento de defesa da vítima
O MP pediu a conversão da prisão temporária dos réus em preventiva, alegando risco de fuga, especialmente diante da boa condição financeira da família. Também foi solicitada a quebra dos sigilos bancários dos envolvidos.
Presos desde o dia 6 de maio, Garnica e Elizabete aguardam decisão da Justiça.
A defesa do médico, no entanto, sustenta sua inocência. Em nota enviada ao jornal O Globo, o advogado Júlio Mossin alegou que o crime foi arquitetado exclusivamente por Elizabete, sem a participação do filho:
“Embora a defesa ainda esteja analisando a denúncia, ressaltamos a inocência do Luiz, a qual está devidamente comprovada nos autos. [...] Elizabete está sendo investigada por mais dois homicídios, incluindo o da própria filha”, declarou o advogado.
O caso, que envolve traição, disputa por patrimônio e envenenamento silencioso, segue em tramitação judicial e pode levar os réus a penas severas, caso sejam condenados.