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Estado de Goiás,25/10/2025

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    O que faz um casal durar? 3 componentes que não podem faltar, segundo especialista

    O GLOBO
    O que faz um casal durar? 3 componentes que não podem faltar, segundo especialista Reprodução

    Segundo o psicólogo e escritor Luis Muiño, cerca de 90% das pessoas que buscam terapia o fazem por questões amorosas. Embora o amor seja tradicionalmente celebrado como algo sublime e essencial à vida humana, ele também se revela, na prática clínica, como uma das maiores fontes de dor e sofrimento emocional.

    Para Muiño, essa contradição se explica porque seguimos presos a uma forma de amar herdada do século XIX — um modelo ultrapassado, que insiste em fórmulas baseadas em dependência, idealização e posse. Elementos que, segundo ele, estão mais próximos de um vício do que de um vínculo saudável.

    Amor romântico ou relação tóxica?

    Muiño critica abertamente os pilares do amor romântico tradicional, que, para ele, favorecem relacionamentos desequilibrados e frustrantes. “Continuamos a amar como no Paleolítico”, afirma, referindo-se ao papel dos hormônios como a dopamina e a oxitocina, que ainda nos ligam de maneira irracional e automática a outras pessoas — mesmo quando a lógica e a realidade atual exigiriam uma abordagem mais consciente e crítica.

    Ele compara o ato de se apaixonar ao efeito de um narcótico interno: o cérebro ativa mecanismos que nos fazem enxergar o outro não como ele é, mas como queremos que seja. Um exemplo disso é o chamado “efeito halo”, um viés que nos faz atribuir uma série de qualidades a alguém com base em apenas uma característica positiva percebida.

    — “Apaixonar-se faz com que você se concentre apenas no que gosta na outra pessoa. Você não pergunta sobre o resto” — diz Muiño.

    Essa idealização pode resultar em um fenômeno conhecido como “custo irrecuperável”: mesmo percebendo que o relacionamento não tem futuro, a pessoa permanece nele simplesmente pelo tempo e esforço já investidos.

    As armadilhas do mito da cara-metade

    Um dos mitos mais prejudiciais, segundo Muiño, é o da “cara-metade” — ideia que remonta à narrativa de Aristófanes em O Banquete, de Platão. Nela, os humanos eram originalmente completos, mas foram divididos pelos deuses e, desde então, vagam buscando sua outra metade. Para Muiño, essa fantasia promove uma visão de amor baseada na fusão e na dependência, anulando a individualidade do outro.

    — “O mito da cara-metade destrói algo essencial para o amor consciente: a atenção plena. Se você busca a cara-metade, está projetando. Não está enxergando a outra pessoa de verdade.”

    Em vez de procurar alguém que preencha nossas lacunas, o amor maduro — segundo ele — deve permitir a entrada do outro como ele é, com autonomia e autenticidade. "O amor não deve nos complementar, mas nos fraturar um pouco. Criar um buraco por onde o outro possa entrar", propõe.

    O que faz um relacionamento durar?

    Muiño baseia-se na teoria do triângulo amoroso de Robert Sternberg, que define três componentes fundamentais para um relacionamento duradouro:



    • Intimidade: conexão emocional, amizade, a liberdade de estar junto até no silêncio;




    • Paixão: desejo, contato físico, afetividade cotidiana — não apenas sexo;




    • Compromisso: visão de futuro compartilhada, projetos conjuntos, desejo mútuo de construir algo.



    — “Se faltar uma dessas três pernas, o que sobra pode ser outro tipo de vínculo, mas não um relacionamento amoroso completo”, sentencia Muiño.

    Casting emocional: um método preventivo

    Um dos conceitos mais originais propostos por Muiño é o “casting emocional” — um tipo de triagem afetiva que deve ocorrer ainda nos primeiros encontros. A ideia é fazer perguntas que revelem comportamentos e experiências concretas, e não crenças genéricas que favorecem respostas socialmente desejáveis.

    Por exemplo, em vez de perguntar “Você valoriza a honestidade?”, é mais revelador questionar: “Como terminou seu último relacionamento?” Segundo Muiño, é importante identificar de cinco a seis características indispensáveis em um parceiro e não abrir mão delas, por mais forte que seja a atração inicial.

    — “Um caso de amor pode levar 30 anos para se desenvolver plenamente. Não vale a pena insistir onde não há base.”

    Amor consciente: construção, não destino

    Apesar de reconhecer que também já caiu em armadilhas emocionais, Muiño defende uma postura mais crítica e ativa frente ao amor. Para ele, não se trata de “encontrar” o amor, mas de construí-lo dia após dia, com atenção, trabalho e consciência.






















    — “Um relacionamento saudável nos transforma na melhor versão de nós mesmos. Um tóxico nos torna tóxicos. Amar exige esforço. Amar exige revisão. E amar, acima de tudo, exige presença.”




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