Em Moscou, Lula joga conta da crise do INSS no governo Bolsonaro

Em 2019, o presidente Jair Bolsonaro estava no cargo, com Onyx Lorenzoni como ministro da Casa Civil. "Poderíamos ter feito um espetáculo, mas não queremos uma manchete criminosa. Queremos apurar. As entidades que cometeram o crime terão seus bens congelados para que possamos ressarcir as vítimas", afirmou, tentando desviar a responsabilidade para a gestão anterior.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sob pressão devido ao grande volume de fraudes que desviavam recursos dos aposentados do INSS, busca minimizar a culpa de seu governo. Ele também se viu envolvido em uma disputa interna sobre o caso. O atual ministro da Casa Civil, Rui Costa, criticou Vinícius de Carvalho, chefe da CGU, para reforçar a ideia de que o governo Lula não tinha responsabilidade na fraude. No entanto, a Casa Civil deixou de considerar um processo de improbidade administrativa contra o ex-diretor de Benefícios do INSS, André Fidelis, ao avaliar sua nomeação em 2023. Fidelis é um dos investigados na operação.
Enquanto estava em Moscou, participando das celebrações pelos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial e apoiando a diplomacia de Vladimir Putin, Lula fez questão de destacar a gravidade da fraude, especialmente por seu impacto direto sobre os aposentados. "Não foi dinheiro dos cofres públicos que foi desviado, foi o dinheiro do salário dos aposentados", declarou. "Eles não roubaram do INSS, roubaram do bolso do povo. Isso nos deixa ainda mais revoltados. Vamos investigar a fundo para descobrir quem são os culpados, e se houve envolvimento de membros do governo anterior, vamos apurar também."
Os descontos indevidos teriam começado em 2019, mas foi durante a gestão de Bolsonaro que muitas das entidades envolvidas foram criadas e assinaram convênios com o INSS. No entanto, foi após 2022 que os descontos dispararam, atingindo valores bilionários.
Para evitar a criação de uma CPI, governistas no Congresso tentam ampliar o escopo do caso. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que acompanhou Lula em sua viagem internacional, já demonstrou ser contra a instalação da comissão.
Lula garantiu que as vítimas não serão prejudicadas. "Quem vai se prejudicar são aqueles que um dia exploraram os aposentados e o povo brasileiro", afirmou. Ele também assegurou que o ressarcimento será feito, embora dependa de um levantamento do número de afetados.
Após a declaração, Lula embarcou para Pequim, onde será recebido pelo presidente Xi Jinping em uma visita oficial de dois dias.