Escândalo dos descontos do INSS atinge pessoas ligadas a 6 partidos

Metrópoles
Escândalo dos descontos do INSS atinge pessoas ligadas a 6 partidos reprodução

As investigações sobre um esquema bilionário de fraudes nos descontos de mensalidades de aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) envolvem pessoas ligadas a pelo menos seis partidos, afetando tanto aliados quanto opositores nos governos de Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL). A fraude, que pode ter causado prejuízos de até R$ 6,3 bilhões, foi revelada em dezembro de 2023 pelo portal Metrópoles, com base em reportagens que deram origem à megaoperação da Polícia Federal (PF), deflagrada em abril deste ano. O escândalo resultou na demissão do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.

PDT em destaque

O partido mais impactado foi o PDT, especialmente devido ao envolvimento do ex-ministro Carlos Lupi, que liderava a pasta da Previdência até ser afastado. Lupi não foi diretamente citado nas investigações, mas a pressão pela sua permanência no cargo se tornou insustentável após os alertas sobre as fraudes, que ocorreram desde 2021. Um desses alertas veio por meio de uma reunião do Conselho Nacional do INSS, onde os problemas foram identificados, mas nenhuma ação concreta foi tomada. O substituto de Lupi, Wolney Queiroz, também do PDT, esteve presente nessa reunião e, em 2021, assinou uma emenda que prorrogou o prazo de revalidação dos cadastros dos aposentados, favorecendo as entidades envolvidas nas fraudes.

A influência do PDT no INSS vai além desses dois nomes. O secretário do Regime Geral de Previdência Social, Adroaldo da Cunha Portal, foi ex-chefe de gabinete do senador Weverton Rocha (PDT-MA). Após a demissão de Lupi, a bancada do PDT na Câmara dos Deputados se afastou formalmente do Planalto, mas os senadores da sigla decidiram permanecer na base governista.

Citações de ministros do PSD e PSB

Outro ex-ministro a ser citado no escândalo foi José Carlos Oliveira, do PSD, que comandou o INSS no governo Bolsonaro (2021-2022). Oliveira foi mencionado devido a transações suspeitas relacionadas a um assessor de uma das entidades investigadas. O assessor, ligado à Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), transferiu dinheiro para um auxiliar-administrativo que, por sua vez, era sócio de Oliveira. Durante sua gestão, a Conafer viu seu faturamento com descontos de aposentados crescer em mais de 57.000% entre 2019 e 2023.

O PSB, que ocupa um espaço importante na base do governo Lula, também foi afetado. Alessandro Stefanutto, ex-presidente do INSS, é do PSB e esteve à frente da pasta durante o auge da fraude. Ele perdeu o cargo após ser acusado de omissão. Além disso, um caderno apreendido pela PF indicou que Stefanutto e o ex-procurador Virgílio Oliveira Filho, ambos do PSB, poderiam ter recebido propina. O deputado estadual Edson Araújo (PSB-MA) também foi citado no inquérito, com a PF indicando pagamentos suspeitos de R$ 5,4 milhões entre 2023 e 2024 de uma das entidades investigadas, a Federação das Colônias dos Pescadores do Maranhão.

Implicações para o PT

O PT, partido do presidente Lula, também foi diretamente afetado, embora tenha tentado minimizar a ligação com o esquema, alegando que as fraudes começaram no governo Bolsonaro e foram desmanteladas durante a gestão atual. No entanto, conforme revelado pelo Metrópoles, as transações fraudulentas aumentaram significativamente no governo Lula. Algumas entidades investigadas têm conexões com políticos do PT, como a Contag, que arrecadou R$ 2 bilhões entre 2019 e 2024 com os descontos. A entidade é presidida por Aristides Veras Santos, irmão do deputado Carlos Veras (PT-PE), e teria realizado pagamentos suspeitos, incluindo R$ 5 milhões a uma agência de viagens.

Além disso, o irmão do presidente, Frei Chico, foi mencionado devido ao seu envolvimento com o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi), uma das entidades mais lucrativas com os descontos. O Sindnapi teve seu faturamento saltando de R$ 100 milhões em três anos e foi alvo de investigações. Frei Chico não é filiado ao PT, mas seu nome aumentou a exposição do partido no caso.

Envolvimento do PL e Republicanos

O ex-ministro do Trabalho e da Previdência Social, Onyx Lorenzoni (PL), também foi citado. Lorenzoni, que ocupou o cargo durante o governo Bolsonaro, recebeu uma doação de R$ 60 mil de Felipe Macedo Gomes, ex-presidente da Amar Brasil Clube de Benefícios (ABCB), uma das entidades investigadas. A doação ocorreu em 2022, enquanto Lorenzoni ainda chefiava a Previdência. O ex-ministro negou qualquer envolvimento com a entidade e afirmou não ter conhecimento sobre os acordos feitos com o INSS.













O Republicanos também está entre os partidos afetados. Abraão Lincoln, presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores de Pesca e Aquicultura (CBPA), uma das entidades sob investigação, foi candidato a deputado federal em 2018 pelo partido e mantém vínculos com figuras políticas do Republicanos, como o ex-prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella. A CBPA, que não tinha associados em 2022, passou a contar com mais de 340 mil membros no ano seguinte, arrecadando R$ 57,8 milhões.




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