Cercado por escândalos, União Brasil recorre à narrativa de perseguição

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Cercado por escândalos, União Brasil recorre à narrativa de perseguição Reprodução

A denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o agora ex-ministro das Comunicações Juscelino Filho reacendeu discussões sobre a situação do União Brasil, partido que enfrenta escrutínio em diversas frentes. Vale lembrar que o partido também está envolto ao polêmico caso de desvios de emendas do "Rei do Lixo", com supostas ligações expostas pela PF entre políticos do partido, como o senador Elmar Nascimento e até o vice-presidente ACM Neto.

Juscelino deixou o governo Lula na última terça-feira, 10, após a formalização da denúncia da PGR. Ele havia sido indiciado pela Polícia Federal em junho do ano passado pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa, falsidade ideológica e fraude em licitação. A decisão é sigilosa, portanto, o grau de adesão da Procuradoria ao parecer da PF permanece desconhecido.

Logo que assumiu a pasta das Comunicações, o titular se viu às voltas de uma série de acusações. A mais grave delas, que culminou com a ação judicial, aponta que Juscelino teria se beneficiado de recursos do orçamento secreto em um esquema para pavimentar uma estrada que dá acesso a uma fazenda de sua propriedade, construída por meio de uma empresa supostamente controlada por um "laranja".

Juscelino sempre negou as acusações, alegando que a investigação visava desgastar o governo. Paralelamente, aliados do político sugerem que o ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino estaria por trás da produção e disseminação de dossiês contra o então chefe das Comunicações, citando uma antiga rivalidade política no Maranhão.

A Polícia Federal, sob a gestão de Dino no Ministério da Justiça, acelerou as apurações contra um empresário investigado, encontrou mensagens consideradas suspeitas entre ele e Juscelino, e concentrou as operações em Vitorino Freire, reduto político do então ministro. Flávio Dino é o relator da ação no Supremo, o que lhe confere controle sobre o andamento do caso.

Com três ministérios no governo Lula, o União Brasil possui a terceira maior bancada na Câmara, com 59 deputados, e a presidência do Senado, com Davi Alcolumbre. As ações do Supremo e da PF, no entanto, adicionam tensão ao cenário político, especialmente em relação às investigações sobre emendas parlamentares, que já somam mais de 80 inquéritos sigilosos.

O caso da Operação Overclean, que apura desvios em contratos públicos, também atingiu o União Brasil, com seus principais membros no centro das investigações. A PF chegou a solicitar que o caso fosse conduzido por Dino, mas o Supremo rejeitou o pedido.

“Há uma constante artilharia voltada contra o partido” , reclamou uma das principais lideranças do União Brasil após a formalização da denúncia contra Juscelino. Por isso, ressalta esse dirigente, a legenda tem de estar “externamente unida e internamente blindada” . Num gesto para dentro, a sigla emitiu uma nota em que defende o correligionário. “Juscelino Filho segue contando com a confiança da bancada e da Executiva Nacional do União Brasil. Sua trajetória política e contribuição ao governo são motivo de reconhecimento dentro e fora do partido”, registrou o presidente Antônio Rueda.

Um outro possível alvo da Overclean é o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). A PF descobriu mensagens onde empresários sob investigação mencionam a chefe de gabinete dele como uma das conexões para facilitar a aprovação de um contrato de interesse do grupo. O caso foi remetido ao STF após constatarem-se indícios de irregularidades envolvendo o deputado Elmar Nascimento (União-BA), que foi cogitado como um dos favoritos para presidir a Câmara neste ano.

Em meio à crise, Alcolumbre recebeu conselhos sobre como reagir. Uma série de possíveis retaliações foi discutida, que variam desde um pedido formal da liderança do Congresso para abolir o sigilo dos inquéritos, que colocam toda a classe política sob suspeita, até a criação de uma apuração interna para investigar possíveis abusos de poder e irregularidades cometidas pela PF e pelo STF durante o processo. No momento, Alcolumbre tem se mostrado cauteloso em intensificar o conflito.




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