Deputados da oposição oficializaram nesta quarta-feira (30/4) o pedido de abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) batizada de “Roubo dos Aposentados”, com o objetivo de apurar os descontos irregulares em aposentadorias e pensões pagas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O escândalo envolve entidades suspeitas de reter indevidamente valores dos benefícios e já motivou uma operação da Polícia Federal na última semana.

A iniciativa foi liderada pelo deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO), que conseguiu reunir 184 assinaturas — número superior ao mínimo exigido pelo regimento da Câmara, que é de 171 deputados, o equivalente a um terço da Casa. Segundo Chrisóstomo, “diversas pessoas estão sendo roubadas”, e ele espera que o presidente da Câmara, Hugo Motta, viabilize a instalação da CPI, destacando que o estado de Pernambuco, base eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi um dos mais prejudicados pela fraude.

“Tem gente no reduto do presidente sendo lesada. As famílias estão revoltadas com os descontos indevidos. Essa CPI é uma resposta ao sofrimento dos aposentados”, afirmou o parlamentar.

Com poderes para convocar testemunhas, requisitar documentos de órgãos públicos e até ouvir ministros, a CPI promete ampliar as investigações sobre o esquema que atingiu milhares de beneficiários da Previdência. As denúncias começaram a ganhar repercussão após a publicação de reportagens apontando o envolvimento de entidades ligadas a contratos com o INSS.

Segundo as informações reveladas, essas entidades — muitas delas registradas em nome de laranjas — teriam elevado seus faturamentos mensais com os descontos em folha de R$ 85 milhões para R$ 250 milhões, totalizando cerca de R$ 2 bilhões por ano. Além disso, enfrentam mais de 60 mil processos judiciais de aposentados que denunciam cobranças fraudulentas.