Mabel ainda mantém contrato com empresa laranja do "Rei do Lixo" alvo da Operação Overclean

Ainda existem contratos entre a Prefeitura de Goiânia e a Larclean Ambiental, empresa ligada ao grupo do "Rei do Lixo" investigado na Operação Overclean, conduzida pela PF. O esquema do empresário José Marcos de Moura, preso pela PF e conhecido como “Rei do Lixo”, alcançava 17 estados e dezenas de municípios, sempre em locais em que seu partido, o União Brasil, tinha influência, conforme os documentos apreendidos no avião de Moura, interceptado em Brasília com R$ 1,5 milhão em dinheiro.
Entre os estados por onde Moura estendeu seus tentáculos estão Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Tocantins, Mato Grosso, Pernambuco e Amapá, além da Bahia e outros. Em todos esses locais o União ou é o partido do governador e do prefeito ou administra alguma secretaria.
O empresário é apontado pela PF como operador da quadrilha que teria desviado dinheiro de emendas parlamentares destinadas ao Departamento Nacional de Obras contra a Seca (DNOCS) e a prefeituras, por meio de licitações fraudulentas e superfaturadas. De acordo com a investigação, o dinheiro arrecadado nos contratos com o setor público seria lavado por meio de empresas de fachada. A PF estima que o grupo tenha movimentado R$ 1,4 bilhão nos últimos quatro anos, dos quais R$ 800 milhões apenas contratos firmados em 2024.
A PF sabe que, além da coleta de lixo, suas empresas e as de fachada também entraram em licitações para obras, dedetização e fornecimento de material escolar. O esquema foi detectado pela Controladoria-Geral da União (CGU) durante auditorias sobre o uso de recursos das emendas parlamentares, e as informações encaminhadas à PF.
O esquema em Goiânia
Na Prefeitura de Goiânia, o esquema foi feito em contrato para dedetização através da empresa Larclean Saúde Ambiental Ltda, com sede em Salvador e pertencente a Alex Rezende Parente e seu irmão, Fábio Rezende Parente. Também investigados pela PF por integrar a quadrilha. Os irmãos Rezende Parente foram presos em Salvador, na primeira fase da Operação Overclean.
O contratos entre a Prefeitura de Goiânia e a Larclean foram celebrados na gestão do ex-prefeito Rogério Cruz (Solidariedade) e estão vigentes na atual gestão do prefeito, Sandro Mabel (União).
O contrato foi iniciado em junho de 2023 e vai até agosto de 2025, com valor total de mais de oito milhões de reais (R$8.173.081,66).




A foto que revela o vínculo entre o Rei do Lixo e o prefeito Sandro Mabel foi postada nas redes sociais de um deputado do União Brasil.
Relembre quem são os envolvidos no esquema
Como noticiado pelo Goiás246, os envolvidos que possuem rastros deixados em Goiás são:
- Francisco Manoel do Nascimento Neto
- Eleito vereador para o mandato 2025-2028 em Campo Formoso, pelo partido União Brasil, e primo do deputado Elmar Nascimento (União-BA). Antes de ser preso, Francisco tentou se livrar de dinheiro em espécie que mantinha em casa.
Alex Rezende Parente
Suposto líder da organização criminosa, Alex é sócio-proprietário das empresas Allpha Pavimentações e Serviços de Construções Ltda., Larclean Ambiental, Rezende Serviços Administrativos Ltda., FAP Participações Ltda., e Qualymulti Serviços EIRELI - ME. Ele é suspeito de fraudar licitações com o setor público.
Segundo os investigadores, o homem era o responsável por coordenar a execução das fraudes em licitações, negociar diretamente com servidores públicos e organizar o pagamento de propinas.
Fabio Rezende Parente
Irmão de Alex, Fábio é também sócio-proprietário de empresas como Larclean, Allpha Pavimentações, FAP Participações LTDA., e Rezende Serviços Administrativos LTDA.
Ele é apontado como integrante do "núcleo central da organização", atuando como executor financeiro da organização, realizando as transferências bancárias e os pagamentos de propinas. Ele é suspeito de utilizar contas bancárias em nomes de terceiros, como a da empresa fantasma Bra Teles Ltda.
José Marcos Moura
Conhecido como "Rei do Lixo", José é um empresário do setor de limpeza urbana. Ele possui contratos com diversos municípios brasileiros, inclusive Salvador, por meio de suas empresas.
A decisão aponta que o empresário tinha papel de liderança no esquema criminoso, junto com Alex Parente. O homem é suspeito de atuar na prospecção de contratos, "com a cooptação de servidores mediante o pagamento de propina".
"Segundo a representação, o investigado possui ampla rede de contatos e influência política capaz de interceder junto a autoridades públicas em favor dos interesses da organização, facilitando o andamento de contratos e o desbloqueio de pagamentos", indica a decisão judicial. Ele teria "facilidade de trânsito com os agentes públicos, dentre eles o secretário de Educação do Município de Salvador".
Lucas Maciel Lobão Vieira
Lucas é ex-coordenador estadual do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas na Bahia (DNOCS). De acordo com a PF, ele é também gerenciador dos contratos firmados pela Allpha Pavimentações com o setor público e, enquanto trabalhava no DNOCS, seguia atuando nos bastidores em favor da empresa. Ele é descrito como mais um integrante do "núcleo central da organização", suspeito de financiar atividades ilícitas, definir diretrizes operacionais e exercer controle sobre os membros, "promovendo ações criminosas de forma coordenada".
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