Acordo Mercosul-UE: Parlamento europeu aprova salvaguardas mais rígidas a agricultores do bloco
Agência O Globo
O Parlamento Europeu aprovou nesta terça-feira uma série de medidas de proteção mais rígida para os agricultores da UE, com o objetivo de limitar o impacto do acordo de livre-comércio com os países do Mercosul. As disposições de salvaguarda foram aprovadas por 431 votos a favor e 161 contra e buscam criar um mecanismo para monitorar o impacto do acordo em produtos sensíveis como carne bovina, aves e açúcar.
As medidas também abrem a possibilidade de aplicação de tarifas em caso de desestabilização do mercado. Apesar dessas iniciativas, é provável que a França, um dos países mais reticentes, não dê seu aval.
O governo de Paris solicitou à União Europeia o adiamento da assinatura do pacto comercial, que Bruxelas gostaria de formalizar no próximo sábado, dia 20, no Brasil.
A proteção anunciada na terça-feira pelo Parlamento Europeu é mais forte do que a aprovada pelos Estados-membros. Os eurodeputados querem que a Comissão Europeia intervenha se o preço de um produto do Mercosul for pelo menos 5% inferior ao da mesma mercadoria na UE e se o volume de importações isentas de tarifa aumentar mais de 5%. A proposta inicial fixava esses limites em 10%.
Agora, Estados e Parlamento Europeu tentarão encontrar um compromisso sobre esse ponto.
Ursula von der Leyen espera poder assinar o tratado de livre-comércio durante a cúpula do Mercosul, no sábado, na cidade brasileira de Foz do Iguaçu. Mas a presidente da Comissão Europeia precisa, antes, do aval dos Estados-membros.
A França pede que a votação seja adiada para 2026. A Alemanha, por outro lado, defende a assinatura do tratado ainda nesta semana.
Mas tudo dependerá da Itália, que nos últimos meses tem mostrado sinais contraditórios. A chefe do governo italiano, Giorgia Meloni, “tem as chaves” desse tema, comentou um diplomata europeu que pediu anonimato.
Líderes da UE chegam a Bruxelas nesta quarta-feira para a cúpula regular de fim de ano, onde o tema deve ser discutido. Os sindicatos agrícolas europeus continuam totalmente contrários a esse acordo comercial com Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai e preveem uma manifestação na quinta-feira em Bruxelas.
Esse tratado favoreceria as exportações europeias de automóveis, máquinas, vinhos e destilados. Em contrapartida, facilitaria a entrada na Europa de carne, açúcar, arroz, mel ou soja sul-americanos, o que alarma os setores afetados.