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Estado de Goiás,24/10/2025

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    EUA enviam maior porta-aviões do mundo à América Latina em escalada militar

    Folha de S. Paulo
    EUA enviam maior porta-aviões do mundo à América Latina em escalada militar O porta-aviões USS Gerald R. Ford, o maior do tipo no mundo, durante exercício da Otan no mar do Norte, em setembro - Jonathan Klein/AFP - 24.set.25/AFP

    Os Estados Unidos anunciaram nesta sexta-feira (24) que vão enviar o USS Gerald R. Ford, a maior classe de porta-aviões do mundo, e outras embarcações que o acompanham para a América Latina e o Caribe, em movimento que representa escalada da presença militar americana e da tensão na região.

    "A presença reforçada das forças americanas na área de responsabilidade do Comando Sul reforçará a capacidade dos EUA de detectar, monitorar e desmantelar atividades e atores ilícitos que comprometam a segurança e a prosperidade do território nacional dos Estados Unidos e nossa segurança no Hemisfério Ocidental", escreveu Sean Parnell, porta-voz doO secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, anunciou nesta sexta-feira que o Pentágono está enviando o porta-aviões USS Gerald R. Ford, descrito pela Marinha americana como "a plataforma de combate mais capaz, adaptável e letal do mundo", para as águas da América do Sul, na mais recente escalada dentro da mobilização para concentração de forças militares na região. O anúncio ocorre no mesmo dia em que Hegseth confirmou o 10º ataque contra uma embarcação suspeita de transportar drogas — e um dia após Washington anunciar exercícios militares com Trinidad e Tobago, a poucos quilômetros do litoral da Venezuela.


    "Em apoio à diretriz do presidente para desmantelar Organizações Criminosas Transnacionais (OCT) e combater o narcoterrorismo em defesa da Pátria, o secretário de Guerra comandou o Grupo de Ataque de Porta-Aviões Gerald R. Ford e embarcou uma ala aérea de porta-aviões para a área (...) do Comando Sul dos EUA (USSOUTHCOM)", escreveu o porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, na rede social X. "A presença reforçada das forças americanas na Área de Responsabilidade do USSOUTHCOM reforçará a capacidade dos EUA de detectar, monitorar e desmantelar atividades e atores ilícitos que comprometam a segurança e a prosperidade do território nacional dos Estados Unidos e nossa segurança no Hemisfério Ocidental. Essas forças aprimorarão e ampliarão as capacidades existentes para desmantelar o tráfico de narcóticos e desmantelar as OCT".


    O porta-aviões Gerald R. Ford está incluído em um agrupamento de ataque de mesmo nome, que além do navio principal inclui três contratorpedeiros (USS Mahan, USS Bainbridge e USS Winston Churchill) e esquadrões de caça F-18 e helicópteros de combate MH-60. Eles se somam a meios militares já enviados para o Caribe, incluindo outros navios contratorpedeiros, um submarino e embarcações de desembarque anfíbio, além de jatos F-35 enviados a Porto Rico.


    Ao todo, as Forças Armadas dos EUA já enviaram cerca de 10 mil soldados para o Caribe, metade deles em oito navios de guerra e a outra metade estacionados em Porto Rico. O porta-voz do Pentágono não informou quando o grupo de ataque seria enviado para a região, e nem qual seria sua localização.


    A confirmação do envio ocorre em um aumento de particular tensão na região. Um novo bombardeio americano na noite de quinta-feira afundou o 10º barco supostamente ligado ao narcotráfico, elevando o número de mortos nessas operações para 43, horas após o presidente Donald Trump afirmar na Casa Branca que pretendia autorizar operações terrestres contra grupos ligados ao tráfico internacional de drogas — que ele equiparou a organizações terroristas nos primeiros dias de mandato. Colômbia e Venezuela recentemente tacharam as declarações e ordens de Trump na região de ameaças de invasão.


    "Se você é um narcoterrorista contrabandeando drogas em nosso Hemisfério, nós o trataremos como tratamos a al-Qaeda. Dia ou noite, mapearemos suas redes, rastrearemos seus homens, caçaremos você e o mataremos", escreveu Hegseth em uma publicação nesta sexta-feira, após confirmar o afundamento de uma embarcação que pertenceria ao grupo venezuelano Tren de Aragua (TdA).


    Em outro desdobramento militar na quinta-feira, os EUA anunciaram exercícios militares com Trinidad e Tobago, país caribenho separado da Venezuela apenas pelo Golfo de Paria, um braço de mar de pouco mais de 10 quilômetros de largura. O contratorpedeiro USS Gravely deve aportar em Porto Espanha no domingo, e permanecer em atividades até o dia 30 de outubro.


    Com 9,2 mil toneladas, 155 metros de comprimento e 20 metros de largura, o contratorpedeiro pode abrigar cerca de 300 oficiais, além de contar com dois hangares para helicópteros MH-60 Seahawk, e conta com um complexo conjunto de sensores, radares, softwares e lançadores automáticos de mísseis que permite detectar e neutralizar ameaças simultaneamente por ar, mar e subsuperfície. A embarcação também está equipada com mísseis Tomahawk, para ataques em longa distância.


    Em oposição direta ao governo de Nicolás Maduro, a Casa Branca vem alimentando uma retórica hostil, inclusive apontando o líder chavista como chefe do Cartel de los Soles e oferecendo uma recompensa por informações que levem a sua captura. Em uma entrevista coletiva recente, Trump confirmou que autorizou a CIA a realizar operações secretas no país.


    Em meio às tensões, a Venezuela compara as ações americanas a um cerco. Os militares do país estão em alerta desde agosto, quando a escalada na região começou, e o governo lançou uma ampla campanha para recrutar reservistas. Apenas na quinta-feira, quando Trump voltou a falar sobre agir em terra, as tropas realizaram 73 exercícios militares em posições costeiras.


    'No crazy war'

    Maduro tem transitado entre acenos de conciliação e declarações belicosas em face das ações dos EUA. Em um ato com sindicalistas pró-governo na quinta-feira, o líder chavista fez um apelo pela redução das tensões, falando em inglês:


    — Peace, yes peace, forever, peace forever, No crazy war! [Paz, sim paz, para sempre, paz para sempre. Sem guerra louca] — disse Maduro, antes de retomar o discurso em espanhol.


    Apesar disso, Maduro também mencionou as capacidades militares de Caracas e citou como aliados a China e a Rússia, antagonistas dos EUA na disputa de hegemonia geopolítica. Na quarta-feira, o presidente já tinha dito que as Forças Armadas venezuelanas tinham 5 mil mísseis antiaéreos de fabricação russa em ponto de uso, caso alguma ameaça se consolidasse.

    — Graças ao presidente [russo, Vladimir] Putin, graças à Rússia, graças à China e a muitos amigos no mundo, a Venezuela conta com equipamentos para garantir a paz — disse Maduro, desta vez sem se referir a um armamento em particular. Pentágono, em publicação no X.




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