PSDB aposta na experiencia e quer Ciro, Aécio e Marconi candidatos a Governador

Depois de perder os três governadores eleitos em 2022 — vistos como símbolo de “renovação” partidária — o PSDB agora aposta em reaproximar antigos nomes de peso para tentar formar chapas aos governos estaduais e ao Senado em 2026. Além da filiação do ex-ministro Ciro Gomes, que pode disputar o governo do Ceará, lideranças tucanas incentivam as candidaturas dos ex-governadores Marconi Perillo (GO), Beto Richa (PR) e Aécio Neves (MG) em seus estados. Há também tratativas para trazer o ex-prefeito do Rio, Cesar Maia, com a intenção de lançá-lo ao Senado.
Todos já concorreram a cargos majoritários e têm mais de 60 anos, perfil distinto do trio eleito em 2022: Eduardo Leite (RS), Raquel Lyra (PE) e Eduardo Riedel (MS), todos com menos de 55 anos e carreiras mais recentes. Os três migraram para outros partidos — PSD e PP — deixando o PSDB sem governadores pela primeira vez desde 1990, ano em que Ciro venceu no Ceará.
O retorno de Ciro ao PSDB será oficializado nesta quarta-feira, em evento em um hotel de Fortaleza. Em entrevistas recentes, ele não descartou disputar a Presidência em 2026, embora o partido queira que ele concorra ao governo estadual, unindo a oposição ao governador Elmano de Freitas (PT), alvo de críticas de Ciro nas áreas de segurança e educação.
Por enquanto, o único tucano que confirmou candidatura a governador é Marconi Perillo. Em setembro, ele anunciou que disputará novamente o governo de Goiás, cargo que ocupou entre 1999 e 2006. Na época, foi um dos governadores mais jovens do país, com 35 anos — o mais jovem, no período pós-redemocratização, foi o próprio Ciro, eleito aos 31 no Ceará em 1990.
Marconi voltou a comandar Goiás entre 2011 e 2018, quando foi alvo da Operação Lava-Jato e acabou derrotado na disputa pelo Senado. A investigação foi arquivada pela Justiça Eleitoral no ano passado.
Outro tucano que tenta se reerguer é o deputado federal Beto Richa, governador do Paraná de 2011 a 2018. Assim como Marconi, foi preso na Lava-Jato e perdeu a eleição para o Senado. Os processos foram anulados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Richa avalia disputar novamente o governo, podendo enfrentar o ex-juiz e senador Sergio Moro (União).
"Por parte da direção nacional do PSDB há um estímulo, sim, para que a gente encare uma eleição majoritária. Vontade eu tenho, mas eleição para governador depende de um leque de alianças político-partidárias que viabilizem uma candidatura.", afirmou Richa.
Durante sua gestão, Richa teve no secretariado o atual governador Ratinho Jr. (PSD), que ainda não decidiu quem apoiará na sucessão estadual.
A direção tucana também considera lançar Aécio Neves ao governo de Minas, mas a questão é que ele deve assumir a presidência nacional do PSDB em dezembro, substituindo Marconi, que focará em sua candidatura em Goiás. Aécio governou Minas entre 2003 e 2010 e recuperou prestígio no partido após o arquivamento de investigações da Lava-Jato.
Lideranças tucanas avaliam que o PSDB precisa manter candidaturas estratégicas aos governos e ao Senado para não comprometer a ampliação da bancada federal. A meta é atingir a cláusula de barreira, que garante acesso ao fundo partidário e tempo de propaganda. Em 2026, será necessário eleger ao menos 13 deputados em nove estados — número que o partido alcançou em 2022, mas apenas em sete unidades da federação.
O ex-prefeito de Santo André, Paulo Serra, cotado para disputar o governo de São Paulo, afirma que o PSDB “nasceu com o DNA de eleger nomes ao Executivo”, mas pondera que a “sobrevivência do partido” depende do sucesso nas eleições legislativas.
"O que o partido tem avaliado muito é viabilidade eleitoral. Podemos ter candidatura majoritária onde percebermos que isso agrega à chapa de deputados e que possa dar vida ao partido. Em outros casos, podemos fazer composições.", disse Serra.
Uma das articulações do PSDB envolve o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), que deve concorrer ao governo estadual em 2026. O deputado federal Luciano Vieira (Republicanos-RJ), que se filiará ao PSDB nesta sexta-feira, sugeriu também trazer o ex-prefeito e vereador Cesar Maia para lançá-lo ao Senado.
A sondagem foi revelada pelo portal “Agenda do Poder” e confirmada pelo GLOBO com aliados de Rodrigo Maia, filho de Cesar. A família Maia se filiou ao PSDB nas eleições de 2022, quando Cesar foi vice de Marcelo Freixo (PSB) ao governo do Rio. Depois, ingressou no PSD de Paes e se reelegeu vereador. Rodrigo se afastou da política ao assumir, em 2023, a presidência da Confederação Nacional das Instituições Financeiras, cargo que deixou na semana passada.
Procurado, Vieira afirmou em nota que as candidaturas do PSDB no Rio “serão tomadas de forma conjunta com a direção nacional do partido”. Cesar não quis comentar, e Rodrigo Maia não foi localizado.