A pedido de Bolsonaro, Flávio diz a Eduardo para reduzir atritos com integrantes da direita, dizem aliados

Aliados do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmam que o parlamentar, a pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro, pediu ao irmão Eduardo Bolsonaro para reduzir atritos com nomes da direita. Os dois se encontraram neste fim de semana, em Washington, onde Eduardo está morando.
Interlocutores da família Bolsonaro dizem que uma das tarefas de Flávio na viagem aos Estados Unidos foi justamente pedir ao irmão que diminuísse o tom nas redes e nas declarações públicas. Procurados pela reportagem, Flávio e Eduardo Bolsonaro não se manifestaram. O blogueiro Paulo Figueiredo, que também participou da conversa, afirmou que não recebeu qualquer tipo de orientação.
As críticas recentes de Eduardo ao presidente do PP, Ciro Nogueira, à senadora Tereza Cristina (PP-MS) e a governadores cotados para disputar o Planalto irritaram dirigentes partidários e acentuaram o desconforto na direita.
O episódio ocorre em meio à tentativa de diferentes legendas conservadoras de se reposicionarem para as eleições de 2026. No PL, que tenta consolidar-se como o principal partido do campo, cresce o incômodo com a ofensiva digital do deputado e o temor de que ele amplie o isolamento do bolsonarismo. Já o Republicanos e o PP disputam espaço no eleitorado conservador e buscam nomes viáveis para representar a direita pós-Bolsonaro. O preferido é o governador Tarcísio de Freitas, que tem dito que irá concorrer à reeleição em São Paulo.
Desde que passou à prisão domiciliar, em agosto, Jair Bolsonaro se afastou das articulações diretas, mas continua interferindo nas decisões do grupo por meio dos filhos. Flávio, com trânsito melhor no Congresso, tem atuado como mediador político da família. Ele defende que o grupo priorize pautas de unidade — como a recomposição de pontes com o Centrão e a reorganização da base parlamentar — em vez de novas frentes de confronto.
Durante a conversa nos Estados Unidos, os irmãos também trataram da recente aproximação entre Lula e Donald Trump. Flávio quis ouvir a leitura do irmão sobre os encontros entre os dois presidentes e integrantes de seus governos. Eduardo, segundo relatos, minimizou a importância da relação e afirmou que a direita americana continua próxima do grupo bolsonarista.