Nesta quarta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) retoma o julgamento de uma ação que pode decidir o futuro da Ferrogrão, uma ferrovia de quase mil quilômetros que ligará Mato Grosso ao Pará, essencial para o escoamento da produção de grãos. A obra, considerada prioritária pelo governo e destacada no novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), anunciado em agosto de 2023, é vista como crucial pelos produtores rurais.

Lucas Costa Beber, presidente da Aprosoja-MT, associação dos sojicultores mato-grossenses, destaca que a Ferrogrão poderia gerar uma economia significativa para o agronegócio. Segundo ele, “Tem um cálculo, que era do início do ano passado, que aponta que, só em Mato Grosso, economizaríamos de frete, com a conclusão da Ferrogrão, mais de R$ 8 bilhões por ano.” Custos menores de transporte aumentariam as margens dos produtores, diminuindo o endividamento em anos difíceis e garantindo investimentos em períodos favoráveis.

Apesar dos benefícios apontados para o setor agrícola, a obra enfrenta críticas de ambientalistas e questionamentos sobre sua viabilidade econômica. Há temores de que se torne uma obra faraônica, como a Ferrovia Norte-Sul (FNS), cuja construção começou nos anos 1980 e só foi concluída em 2023.

O traçado da Ferrogrão será paralelo à BR-163, conectando Sinop (MT), um dos polos da produção de grãos em Mato Grosso, ao porto fluvial de Miritituba, no Rio Tapajós, Pará. De lá, os grãos serão transportados em barcaças até o Porto de Vila do Conde, na região metropolitana de Belém, onde seguirão para navios graneleiros.

Esse trajeto faz parte das rotas do arco norte, que incluem os portos mais ao norte do Brasil e do Nordeste. Lucas Costa Beber ressalta a importância dessa infraestrutura para Mato Grosso: “Mato Grosso é um caso à parte em relação a grande parte do país, porque temos a maior distância dos portos.”

Enquanto o STF delibera sobre o futuro da Ferrogrão, sua construção representa uma aposta ambiciosa para transformar a logística do agronegócio brasileiro.