Rússia se defende, nega ataque com drones à Europa e manda recado à Otan sobre retaliação

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, utilizou seu pronunciamento neste sábado (27/9) na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, para negar que Moscou tenha ligação com a recente série de drones e violações de espaço aéreo relatadas por países da Otan e da União Europeia.
De acordo com Lavrov, tais acusações fazem parte de uma estratégia de provocações. “A Rússia está sendo acusada de quase planejar um ataque à Otan e à União Europeia. O presidente Putin tem repetidamente desmentido essas provocações”, declarou.
As desconfianças em relação a Moscou aumentaram nas últimas semanas, após drones provocarem o fechamento temporário de aeroportos na Dinamarca e autoridades da Polônia e da Estônia denunciarem invasões de seu espaço aéreo por aeronaves e veículos não tripulados. Governos europeus classificaram os episódios como possível “ataque híbrido”, entendido como uma forma de pressão indireta do Kremlin. A Rússia, entretanto, nega qualquer envolvimento.
Com um discurso de forte tom defensivo, Lavrov ainda alertou a Otan e os países da União Europeia de que qualquer ofensiva contra a Rússia terá resposta imediata. “Qualquer agressão contra meu país será recebida com uma resposta decisiva”, disse, em referência às ameaças de retaliação feitas pela aliança militar caso as violações sejam confirmadas.
Ausência de Putin na ONU
Lavrov representou a Rússia na tribuna da ONU no lugar do presidente Vladimir Putin. O líder do Kremlin evita viajar para países que são signatários do Tribunal Penal Internacional (TPI), que em 2023 emitiu contra ele um mandado de prisão internacional.
Apesar de os Estados Unidos não integrarem o TPI, Putin precisaria sobrevoar territórios de países signatários para chegar a Nova York, o que impossibilitou sua ida.
O plenário que acompanhou o discurso do chanceler estava menos cheio do que em outras sessões da assembleia, mas reuniu mais delegações do que a sessão em que falou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
Ucrânia e negociações
Mesmo com duras críticas ao Ocidente, Lavrov buscou demonstrar que Moscou continua aberta ao diálogo. O chanceler afirmou que a Rússia ainda tem “algumas esperanças” de avançar em negociações de cessar-fogo com os Estados Unidos para pôr fim à guerra na Ucrânia.
A declaração foi feita poucos dias depois de o presidente americano, Donald Trump, ter reforçado apoio a Kiev, chegando a afirmar que a Ucrânia poderia recuperar todos os territórios hoje ocupados pelas tropas russas.
Já o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, responsabilizou Moscou pelos ataques com drones e aviões. Em publicação na rede X (antigo Twitter), ele disse que a Rússia estaria testando a capacidade de defesa europeia e tentando manipular a opinião pública contra o apoio a Kiev. “Isso visa reduzir a assistência à Ucrânia, especialmente antes do inverno”, escreveu.