O Grupo Ambipar conseguiu uma medida cautelar na 3.ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro que suspendeu o pagamento de contas, execuções de medidas de cobrança, retenção e arresto de bens contra a empresa, além da suspensão de cláusulas de vencimento antecipado de dívidas em caso de inadimplência.

O despacho, assinado pelo juiz Leonardo de Castro Gomes, indicou quatro administradores judiciais capacitados para acompanhar o processo. A suspensão será de 30 dias, prorrogáveis por mais 30.

Na prática, trata-se de uma espécie de pré-recuperação judicial, mas a avaliação é que se trata apenas de questão de tempo até que a proteção total contra credores seja pedida. O grupo tinha uma dívida de US$ 119 milhões com o Santander, que venceria às 14 horas desta quinta-feira (25), e que foi suspensa com a cautelar.

Com dívidas iniciais de cerca de R$ 11 bilhões, segundo pessoas próximas à empresa, a Ambipar estava altamente alavancada por conta do grande número de aquisições que fez antes da alta de juros. Foram 42 compras de empresas entre seu IPO (oferta inicial de ações) em 2020 e 2022.

Além do endividamento, um aditivo em um contrato de empréstimo com o Deutsche Bank, no exterior, começou a esvaziar o caixa da empresa desde a última segunda-feira, com a saída de mais de R$ 200 milhões.

Segundo fontes ouvidas pela reportagem, o rombo potencial pode beirar os R$ 20 bilhões. Ainda não há um levantamento definitivo de quais seriam os maiores credores ou dos números exatos, já que a situação se deteriorou rapidamente nesta semana.

Com cláusulas de financiamento com vencimento cruzado, em caso de não pagamento de dívidas, havia risco de insolvência imediata. Por isso, a empresa apresentou o pedido e obteve a cautelar antes mesmo da formalização de uma recuperação judicial.

No despacho publicado ontem, o juiz afirmou que o “Deustche Bank exige o pagamento do próximo aporte de garantia, que vencerá amanhã (quinta-feira), no valor de aproximadamente R$ 60 milhões, sob pena de vencimento automático e antecipado de todas as dívidas (que bem se lembre, somariam impressionantes US$ 550 milhões)”.

A possibilidade de esse pagamento antecipado ser exigido teria potencial de gerar um rombo de R$ 10 bilhões, segundo o despacho judicial.

As notícias de que o grupo enfrentava dificuldades, publicadas ao longo da semana, também fizeram com que uma série de credores enviassem e-mails à gestão da companhia com pedidos de posicionamento, o que levou à aceleração do pedido de liminar.

Com receita líquida de R$ 5,7 bilhões em 2024, operações em 40 países e 24 mil funcionários, a Ambipar presta serviços de gestão ambiental. Atua na gestão de resíduos, manufatura reversa, atendimento a grandes tragédias e crises ambientais, além de outras frentes de negócios.